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Colecão 2020

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Natal

Dia 27

Deus, no seu Cristo, mudou de condição. Viveu a condição humana,

para que todos os homens entrem na Sua própria condição de Deus. Cristo,

que é de condição divina, quis que O tomassem por ninguém. Cristo,

que é de condição divina, não guardou o seu lugar. Por quê? Pura e simplesmente

porque nos ama. E como é possível amar sem se ser ambicioso

para aqueles que se ama?

A amizade não pode acomodar-se às distâncias, quando elas existem.

A amizade tende, logicamente, a reduzir as distâncias. Por quê? Porque

mente aquele que ama sem procurar viver com aqueles que pretende amar.

E assim, porque Deus nos ama, não por palavras, mas em ato e em verdade,

vem viver em comunidade com os homens. Vence a distância que O

separa de nós. Torna-se homem. Torna-se homem para que nos tornemos

deuses. Compromete-se conosco. Por quê? Porque amar é comprometer-se.

Não sei como acontece convosco. Mas, comigo, creio ter encontrado um

amigo a partir do momento em que ele se comprometeu comigo; e, na verdade,

não sou amigo de outrem senão quando me comprometo com ele.

Deus tornou-se dependente dos homens, porque não é possível amar sem

livremente depender de quem se ama.

E eis que devemos adorar, meus irmãos, essa maravilha: Deus tornou-

-se vulnerável porque o amor implica sempre uma certa mágoa. É normalíssimo

os homens procurarem Deus. Não há aqui motivo algum de espanto.

Mas só conhecemos o intempestivo, o extraordinário, a Boa-Nova,

quando descobrimos que Deus procurou os homens.

Como, pouco mais ou menos, o disse Péguy, não é o mundo pagão que

depende do mundo cristão, mas é o cristão que depende do pagão; e acrescentou:

não são os homens que dependem de Deus, mas Deus que depende

dos homens. Porque não é o ser amado que depende do ser amante, mas o

ser amante é que depende do ser amado.

Jean Cardonnel, o.p. (1921-2009). O evangelho e o mundo novo. Porto: Livraria Figueirinhas, 1966.

p. 46-47.

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70 O Rosto Amado de Deus

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