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Igreja centrada sobre o princípio do poder sagrado em que a maior parte
dos fiéis foi habituada a se deixar conduzir passivamente pelos seus pastores,
cumprindo seus deveres religiosos sem nenhuma responsabilidade
nos afazeres da comunidade eclesial e do mundo. Temos que transpor o
adágio “Fora da Igreja não há salvação!” que continua encalacrado como o
pressuposto da teologia oficial da missão. Jesus esperava a chegada rápida
do Reino de Deus e nunca construiu um projeto de Igreja chamada a durar
per omnia saecula saeculorum. 11
Neste Natal, encontramos a Igreja do Ocidente numa situação inédita:
é a primeira vez na sua história que ela deve anunciar o Evangelho a uma
sociedade massivamente descrente, agnóstica e alheia de qualquer prática
religiosa. No entanto, somos atraídos pelo humanismo que considera a ética
evangélica, o homem como um ser político e a renovação da sociedade
humana. Existe uma fé em Deus que passa pela fé de Jesus em Deus. Uma
fé que não é feita de enunciados dogmáticos, mas de uma forte orientação
humanista e universal. Jesus revela que a salvação é a humanização
do próprio homem. Jesus humanizou Deus e nos ensina a olhar para Ele
como Pai comum de todos os homens. Jesus nos ensina a adorar a Deus em
Espírito e em Verdade e a honrá-Lo pelo perdão das ofensas e pelo amor
aos inimigos. O espaço sagrado é o Corpo do Cristo: o conjunto de cristãos
que se unem uns aos outros para fazer brilhar a fraternidade em volta deles.
“Vede como se amam!” foi a expressão captada por Tertuliano sobre
como eram vistos os cristãos. E a Eucaristia nos ensina a respeitar dignamente
o corpo que formamos quando nos reunimos em torno de Jesus.
Nisto está a verdadeira compreensão do sagrado cristão. Jesus secularizou,
Ele próprio, o sagrado. O sagrado não é o templo de pedra, mas o
corpo que forma a multidão dos cristãos reunidos em nome de Jesus. Eles
aprendem a se conduzir, reciprocamente, como irmãos e a fazer o mesmo
com todos, crentes e não-crentes, pois todos são filhos do mesmo Pai.
Hoje sob céus e dias novos, emancipados da religião, a Igreja
deve se apresentar como um povo inteiramente sacerdotal,
corpo trans-histórico do Cristo, no qual os homens de todos
11 MOINGT, Joseph. Faire bouger l’Église catholique. Paris: Desclée de Brouwer, 2012.
Grupo Marista 25