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Natal
Dia 33
Terá sido minha solidão ou Sua fragrância
que me levaram até Ele? Foi uma
fome em meus olhos que desejavam a beleza,
ou foi a Sua beleza que procurou a
luz de meus olhos?
Ainda hoje não sei.
Caminhei para Ele com minhas roupas
perfumadas e com minha sandália dourada,
a mesma sandália que o capitão romano
me dera, e quando O alcancei, eu disse:
“Bom dia para Ti”. “Bom dia, Miriam”,
disse Ele.
E Seus olhos de noite me viram como
nenhum homem jamais me vira; e de repente
me senti como se estivesse nua, e
senti vergonha.
Todavia, Ele só me dissera “Bom dia”.
E então eu Lhe disse: “Não queres entrar
em minha casa?”, e Ele disse: “Não
estou já em tua casa?”.
Eu não sabia então o significado daquelas
palavras, mas agora eu sei.
Eu disse: “Não queres dividir o vinho e
o pão comigo?”.
E Ele: “Sim Miriam, mas não agora”.
Não agora, não agora, Ele disse. E a voz
do mar estava nestas duas palavras, e a
voz do vento e das árvores. E quando Ele
as disse, a vida falou à morte.
Pois creia, meu amigo, eu estava morta.
Eu era uma mulher que se tinha divorciado
de sua alma. Vivia eu separada deste
“eu” que agora vês. Eu pertencia a todos
os homens, e a nenhum. Eles me chamavam
de prostituta, uma mulher possuída
por sete demônios. Eu era amaldiçoada, e
era invejada.
Mas quando Seus olhos de aurora fitaram
os meus olhos, todas as estrelas da
minha noite desvaneceram, e eu me tornei
Miriam, só Miriam, uma mulher perdida
para a terra que conhecera, que encontrava
a si mesma em outros lugares.
E novamente eu Lhe disse: “Venha até
minha casa, dividir o vinho e o pão comigo”.
Ele disse: “Por que me convidas para
ser teu hóspede?”, e eu disse: “Eu te convido
para que entres em minha casa”.
E tudo em mim que era terra, e tudo em
mim que era céu clamava por Ele.
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Grupo Marista 81