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Natal
Dia 37
As coisas estão relacionadas umas com as outras e umas estão compreendidas
em outras e estas outras em outras, de modo que todo o universo
é uma só e vasta coisa.
A natureza toda se toca e se entrelaça entre si. Toda a natureza se abraça.
O vento que me acaricia e o sol que me beija e o ar que respiro e a pele
que nada na água e a estrela longínqua, e eu que a vejo: todos estamos
em contato. O que chamamos de vazios interestelares estão formados da
matéria que forma os astros, mesmo que tênue e rara, e os astros não são
senão uma concentração maior desta matéria interestelar, e todo o universo
é como uma imensa estrela e todos participamos neste universo de um
mesmo ritmo: o ritmo da gravidade universal, que é a força de coesão da
matéria caótica, e a que une as moléculas e faz com que as partículas de
matéria se reúnam num ponto determinado do universo, e que as estrelas
sejam estrelas, e este é o ritmo do amor. [...]
Quando os monges cantam em coro estão cantando em nome da criação
inteira, porque também tudo na natureza, desde o elétron até o homem, é
um só salmo. E nós não podemos descansar até encontrar a Deus. Só então
se aquietará em nosso coração a grande angústia cósmica, se aquietará
este imenso amor que oprime o pequeno coração do homem com toda a
força da gravidade universal: até que nós encontremos este Tu ao qual tendem
todas as criaturas.
E todas as coisas nos falam de Deus, porque todas as coisas suspiram
por Deus: o céu estrelado e mesmo as cigarras, as imensas galáxias e o esquilo
listrado que brinca todo o dia com tudo que o rodeia e se esconde de
tudo (e tudo que faz é um movimento inconsciente até Deus).
Até Ele se movem todos os astros e a expansão do universo se faz até
Ele, até Ele de onde têm saído todos os astros e de onde saiu o primeiro
sopro original, e só Nele descansará o universo.
Ernesto Cardenal (1925-). Vida en el amor. Madri: Editorial Trotta, 2010. p. 21-22.
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Grupo Marista 89