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Colecão 2020

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Natal

Dia 37

As coisas estão relacionadas umas com as outras e umas estão compreendidas

em outras e estas outras em outras, de modo que todo o universo

é uma só e vasta coisa.

A natureza toda se toca e se entrelaça entre si. Toda a natureza se abraça.

O vento que me acaricia e o sol que me beija e o ar que respiro e a pele

que nada na água e a estrela longínqua, e eu que a vejo: todos estamos

em contato. O que chamamos de vazios interestelares estão formados da

matéria que forma os astros, mesmo que tênue e rara, e os astros não são

senão uma concentração maior desta matéria interestelar, e todo o universo

é como uma imensa estrela e todos participamos neste universo de um

mesmo ritmo: o ritmo da gravidade universal, que é a força de coesão da

matéria caótica, e a que une as moléculas e faz com que as partículas de

matéria se reúnam num ponto determinado do universo, e que as estrelas

sejam estrelas, e este é o ritmo do amor. [...]

Quando os monges cantam em coro estão cantando em nome da criação

inteira, porque também tudo na natureza, desde o elétron até o homem, é

um só salmo. E nós não podemos descansar até encontrar a Deus. Só então

se aquietará em nosso coração a grande angústia cósmica, se aquietará

este imenso amor que oprime o pequeno coração do homem com toda a

força da gravidade universal: até que nós encontremos este Tu ao qual tendem

todas as criaturas.

E todas as coisas nos falam de Deus, porque todas as coisas suspiram

por Deus: o céu estrelado e mesmo as cigarras, as imensas galáxias e o esquilo

listrado que brinca todo o dia com tudo que o rodeia e se esconde de

tudo (e tudo que faz é um movimento inconsciente até Deus).

Até Ele se movem todos os astros e a expansão do universo se faz até

Ele, até Ele de onde têm saído todos os astros e de onde saiu o primeiro

sopro original, e só Nele descansará o universo.

Ernesto Cardenal (1925-). Vida en el amor. Madri: Editorial Trotta, 2010. p. 21-22.

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Grupo Marista 89

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