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Natal
Dia 32
Jesus circulou tocando as pessoas. Ele
tocou os corpos dos doentes. Ele tocou os
leprosos. Ele tocou até os mortos, o que o
teria tornado ritualmente impuro. Ele ficava
perfeitamente à vontade de ser tocado
também. Lembrem-se daquela mulher
que tinha sido provavelmente uma prostituta.
Ele a deixa lavar seus pés e secá-los
com seus cabelos. Eu acho a ideia de ter
alguém lavando meus pés com seus cabelos
um tanto estranha e pouco atrativa.
Mas Jesus estava à vontade com seu corpo
e com os corpos das outras pessoas. Por
que o tato era tão importante?
São Tomás de Aquino, nosso grande
professor, disse que ele era o mais humano
dos sentidos. As águias veem melhor
do que nós. Comparado aos cães, mal temos
narizes dignos de se falar. Os morcegos
ouvem coisas que não podemos ouvir.
Assim, quando vocês realmente amam as
pessoas, o primeiro desejo de vocês é o de
tocar nelas.
Por que isto é tão evidente no amor?
Porque quando vocês amam, então o tato
é sempre mútuo. Quando vocês tocam alguém
que vocês amam, então eles tocam
em vocês. Vocês podem ver ou ouvir sem
serem vistos ou ouvidos. Vocês podem
cheirar sem ser cheirados, ao menos por
seres humanos. Mas vocês não podem tocar
sem serem tocados. Assim, a Encarnação
é quando Deus nos toca e nós somos
tocados por Deus. Isto é a consumação do
nosso amor mútuo.
Isso explica porque o toque abusivo ou
não amoroso é tão terrível, uma vez que
destrói a essência do tato, que é a mutualidade.
Gandhi recusou deixar que os da
casta mais baixa no hinduísmo fossem
chamados de “intocáveis”. É claro, isso
significava que os outros não se deixavam
ser tocados por eles. A compaixão nos dá
um coração de carne. Isto significa que
nós desejamos alcançar e tocar as pessoas
que os outros rejeitam.
No ano passado, o Dalai Lama veio visitar
a minha comunidade, dos Blackfriars,
para participar de uma discussão sobre a
contemplação em nossas diferentes tradições.
Paul Murray, o Dominicano irlandês,
deu uma maravilhosa palestra e havia um
Carmelita. E o Dalai Lama correspondeu.
Nós não resolvemos nossas diferenças, mas
nós escutávamos uns aos outros com os ouvidos
abertos. Mas o que saltou aos nossos
olhos não foi o que o Dalai Lama disse, mas
o que ele fez. Uma amiga da comunidade
estava lá numa cadeira de rodas. Ela havia
ficado paralítica devido a uma terrível batida.
E quando o Dalai Lama entrou ele fez
uma pausa perto da sua cadeira de rodas e
encostou sua face na dela em silêncio. Ele
permaneceu mais tempo com ela do que
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Grupo Marista 79