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Colecão 2020

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Natal

Dia 32

Jesus circulou tocando as pessoas. Ele

tocou os corpos dos doentes. Ele tocou os

leprosos. Ele tocou até os mortos, o que o

teria tornado ritualmente impuro. Ele ficava

perfeitamente à vontade de ser tocado

também. Lembrem-se daquela mulher

que tinha sido provavelmente uma prostituta.

Ele a deixa lavar seus pés e secá-los

com seus cabelos. Eu acho a ideia de ter

alguém lavando meus pés com seus cabelos

um tanto estranha e pouco atrativa.

Mas Jesus estava à vontade com seu corpo

e com os corpos das outras pessoas. Por

que o tato era tão importante?

São Tomás de Aquino, nosso grande

professor, disse que ele era o mais humano

dos sentidos. As águias veem melhor

do que nós. Comparado aos cães, mal temos

narizes dignos de se falar. Os morcegos

ouvem coisas que não podemos ouvir.

Assim, quando vocês realmente amam as

pessoas, o primeiro desejo de vocês é o de

tocar nelas.

Por que isto é tão evidente no amor?

Porque quando vocês amam, então o tato

é sempre mútuo. Quando vocês tocam alguém

que vocês amam, então eles tocam

em vocês. Vocês podem ver ou ouvir sem

serem vistos ou ouvidos. Vocês podem

cheirar sem ser cheirados, ao menos por

seres humanos. Mas vocês não podem tocar

sem serem tocados. Assim, a Encarnação

é quando Deus nos toca e nós somos

tocados por Deus. Isto é a consumação do

nosso amor mútuo.

Isso explica porque o toque abusivo ou

não amoroso é tão terrível, uma vez que

destrói a essência do tato, que é a mutualidade.

Gandhi recusou deixar que os da

casta mais baixa no hinduísmo fossem

chamados de “intocáveis”. É claro, isso

significava que os outros não se deixavam

ser tocados por eles. A compaixão nos dá

um coração de carne. Isto significa que

nós desejamos alcançar e tocar as pessoas

que os outros rejeitam.

No ano passado, o Dalai Lama veio visitar

a minha comunidade, dos Blackfriars,

para participar de uma discussão sobre a

contemplação em nossas diferentes tradições.

Paul Murray, o Dominicano irlandês,

deu uma maravilhosa palestra e havia um

Carmelita. E o Dalai Lama correspondeu.

Nós não resolvemos nossas diferenças, mas

nós escutávamos uns aos outros com os ouvidos

abertos. Mas o que saltou aos nossos

olhos não foi o que o Dalai Lama disse, mas

o que ele fez. Uma amiga da comunidade

estava lá numa cadeira de rodas. Ela havia

ficado paralítica devido a uma terrível batida.

E quando o Dalai Lama entrou ele fez

uma pausa perto da sua cadeira de rodas e

encostou sua face na dela em silêncio. Ele

permaneceu mais tempo com ela do que

»

Grupo Marista 79

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