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AdventO
Dia 4
Meus caminhos sempre foram agitados e arriscados. Hoje,
eu os aceito como fazendo parte de minha vocação. O Senhor
me chamou para os incrédulos. Ele me quis no âmago da vida
profana. Conduziu-me à prisão. Jogou-me nos subterrâneos
da vida e da história. Lá, onde não se imaginava outrora senão
mal, indiferença e pecado, encontrei graça e fidelidade,
amor e esperança. Pode ser que os apóstolos não queiram ir
longe demais, que eles prefiram a área limitada e tranquila
da paróquia, do convento, das reuniões catequéticas, educativas,
da casa burguesa onde o padre serve para abrilhantar as
reuniões. Mas o Cristo, ele, vai mais longe. Ele não tem receio
de ser tentado, difamado, de ser tratado de Belzebu, de amigo
das prostitutas e dos pecadores. Não o preocupa ser acusado
de bêbado, glutão, de não respeitar a lei e de ficar indiferente
às tradições. O Cristo vai aonde não temos coragem de ir.
No momento em que o procuramos no templo, ele se acha no
estábulo; quando o buscamos entre os padres, ele está entre
os pecadores; no instante em que o solicitamos em liberdade,
está detido; quando o procuramos ornado de glória, ele
está coberto de sangue sobre a cruz. Somos nós que criamos
os limites, que dividimos o mundo entre bons e maus; que
pensamos que Deus submete-se às nossas ideias, aos nossos
preconceitos, à nossa prudência. Quantas vezes ele sentou na
escada da portaria, esperando um pouco de alimento...
Um cristão, “Os subterrâneos da História”. In: “Cartas de prisão”, Communion,
Comunidade de Taizé, 1971-3, p. 57-58, apud Leituras do Povo de Deus, 7, Salvador:
Editora Beneditina Ltda., 1975. p. 23-24.
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34 O Rosto Amado de Deus