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Colecão 2020

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AdventO

Dia 4

Meus caminhos sempre foram agitados e arriscados. Hoje,

eu os aceito como fazendo parte de minha vocação. O Senhor

me chamou para os incrédulos. Ele me quis no âmago da vida

profana. Conduziu-me à prisão. Jogou-me nos subterrâneos

da vida e da história. Lá, onde não se imaginava outrora senão

mal, indiferença e pecado, encontrei graça e fidelidade,

amor e esperança. Pode ser que os apóstolos não queiram ir

longe demais, que eles prefiram a área limitada e tranquila

da paróquia, do convento, das reuniões catequéticas, educativas,

da casa burguesa onde o padre serve para abrilhantar as

reuniões. Mas o Cristo, ele, vai mais longe. Ele não tem receio

de ser tentado, difamado, de ser tratado de Belzebu, de amigo

das prostitutas e dos pecadores. Não o preocupa ser acusado

de bêbado, glutão, de não respeitar a lei e de ficar indiferente

às tradições. O Cristo vai aonde não temos coragem de ir.

No momento em que o procuramos no templo, ele se acha no

estábulo; quando o buscamos entre os padres, ele está entre

os pecadores; no instante em que o solicitamos em liberdade,

está detido; quando o procuramos ornado de glória, ele

está coberto de sangue sobre a cruz. Somos nós que criamos

os limites, que dividimos o mundo entre bons e maus; que

pensamos que Deus submete-se às nossas ideias, aos nossos

preconceitos, à nossa prudência. Quantas vezes ele sentou na

escada da portaria, esperando um pouco de alimento...

Um cristão, “Os subterrâneos da História”. In: “Cartas de prisão”, Communion,

Comunidade de Taizé, 1971-3, p. 57-58, apud Leituras do Povo de Deus, 7, Salvador:

Editora Beneditina Ltda., 1975. p. 23-24.

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34 O Rosto Amado de Deus

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