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AdventO
Dia 8
Eu me dei conta no fio do tempo que é importante distinguir bem a felicidade
do amor.
Mesmo se a alegria do amor é incomparável a todas as outras e produz
a maior das felicidades, ela é frágil e não impede os sofrimentos. Amar não
impede, pois, o sofrer. Como a Virgem Maria disse a Bernadete de Lourdes,
“nesta vida eu te prometo te ensinar a amar, mas não necessariamente
ser feliz o tempo todo”.
Naturalmente todos os humanos procuram a felicidade. Mas viver uma
vida cristã autêntica não é procurar a felicidade a todo custo. É procurar
amar, qualquer que seja o preço a pagar.
Dizendo isto, estou consciente também de um desvio que é conveniente
evitar e no qual muitos cristãos assaz piedosos caem: o do dolorismo.
Contrariamente ao que sempre nos ensinaram, o mérito não tem nenhuma
relação com a dificuldade. O mérito se mede pelo amor com o qual um ato
é realizado e não pelo que ele custa (dolorismo).
O dolorismo é uma abominação e uma caricatura da vida cristã que
consiste em procurar o sofrimento, ou se comprazer nele, sob o pretexto de
que Jesus sofreu. Não. É preciso simplesmente aceitar a vida como ela se
apresenta, e se não se pode evitar um sofrimento, então melhor seria aceitá-lo
com amor do que se revoltar ou fugir fechando-se sobre si mesmo.
Abbé Pierre (1912-2007). Mon Dieu... pourquoi? Paris: Plon, 2005. p. 17-18.
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Grupo Marista 41