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nal que provocará contradições a fim de serem revelados os pensamentos
de muitos corações” (Lc 2, 34-35). A acolhida incondicional é testemunhada
pelo abraço terno e compassivo do Pai ao filho que retorna: “Correu, o
abraçou cobrindo-o de beijos” (Lc 15, 20). E, finalmente, o abraço de Jesus
nas crianças, que nada tem a ver com o sentimentalismo adocicado ou devocional,
mas é o sinal de como o Deus do Novo Testamento se fez próximo
da humanidade ao abraçá-la. É isso que devemos fazer no abraço que vira
do avesso a vida dos mais sofridos e indefesos.
A preferência de Jesus pelos mais humildes se une à sua identidade de
Filho único, Amado do Pai, como é proclamado no seu batismo e na sua
transfiguração – Hyiós Agapetos (Mc 1, 11 e Mc 9, 7). Jesus quer que os filhos
sejam amados e defendidos, protegidos e abraçados, como filhos de Deus.
Como afirma Bento XVI:
Agora, o amor torna-se cuidado do outro pelo outro. Já não
busca a si próprio, não se busca a imersão no inebriamento
da felicidade; procura-se, ao invés, o bem do amado: torna-se
renúncia, está-se disposto ao sacrifício, e até o procura. 6
Jesus nasce em Belém para se despojar de tudo e morre em Jerusalém
para condenar o orgulho, as riquezas e a prepotência do poder civil e religioso.
Deus confirma o que Jesus ensinou: ser filho de Deus (Mt 16, 21.25-
28) significa que o Filho sofrerá e será justificado. Declarando que Jesus é o
seu Filho Amado, Deus faz ecoar a profecia: “Vede meu servo, a quem sustento;
meu escolhido e meu amado.” (Is 42, 1). Este é o Servo de Deus que
não usa a violência e a força imperial, mas sofre ao realizar os desígnios de
Deus de implantar a justiça na Terra.
Sábia é a liturgia da Igreja que no dia seguinte ao Natal apresenta,
sem nenhum pudor, o martírio de Estevão. Todo homem pode fazer a
experiência de Deus mesmo sem o conhecer, basta amar o outro. O evangelista
João é enfático ao afirmar: “Aquele que ama nasceu de Deus e conhece
Deus (1 Jo 4, 7). Ele não diz “Aquele que ama Deus... conhece Deus”,
mas apenas “Aquele que ama”. São Bernardo sublinhava no seu Tratado
6 BENTO XVI. Deus Caritas Est, p. 14.
Grupo Marista 21