You also want an ePaper? Increase the reach of your titles
YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.
Natal
Dia 28
Senhor, diz: “Eu já estou seca, será que irei sentir prazer, com um marido
tão velho?” (Gn 18, 12). O Senhor anuncia a Maria, a favorecida, um filho
ainda que ela não convivesse com o seu noivo José. Abraão responde “Eis-
-me aqui” e antecipa a resposta da Virgem: “Eis aqui a serva do Senhor,
que sua palavra se cumpra em mim”. As descendências prometidas ultrapassam
a carne, pois o Senhor desafia: “Olha para o céu e conta as estrelas,
se fores capaz! Assim será tua descendência”. E Deus não trapaceia! Para
Deus, não existe uma vida leiga, pois toda a vida é totalmente e eternamente
consagrada. E esta vida consagrada ao amor conduz todos os homens e
mulheres que a escolhem a uma santidade mais radical e mais essencial: a
de não trapacear! Os que trapaceiam com a vida e com Deus se afastam da
justiça e da verdade e neste cego afastamento testemunham que trapacear
é necessariamente trair e matar. É no silêncio que esta família de Deus se
expande e que o Espírito do Senhor a conduz. É nos braços acolhedores
de Simeão, movido pelo Espírito, que a fragilidade do Menino se confia
à humanidade e se cumpre a última profecia: “Agora, Senhor, segundo a
tua promessa, deixas teu servo ir em paz, porque meus olhos viram a tua
salvação, que preparaste diante de todos os povos: luz para iluminar as nações
e glória de Israel, teu povo”. Deus se faz dom para que possamos nos
doar uns aos outros, especialmente aos que ainda não conhecem o Cristo, e
só assim O encontramos. Caso contrário, ainda que sejamos batizados, não
conheceremos Aquele que é puro Dom e nos esconderemos em aconchegos
imaturos armados pela mediocridade das nossas instituições religiosas.
No silêncio é que Maria quer ser acolhida por nós, pois é por ela que Jesus
nos é dado e que o Espírito nos habita. No silêncio, José acolhe o Mistério
e se coloca peregrino para que o dom de Deus não se esvaia e o Menino
seja a Luz das Nações. No silêncio, Simeão soube esperar e ultrapassar os
limites do seu próprio eu que poderia se opor à passagem da Luz, que tudo
transforma em visibilidade e transparência. No silêncio, tudo o que somos,
temos e fazemos, recebemos do Espírito que nos ensina a vigiar, como José
e Maria, contemplando a face do Menino que nos foi confiado. É nesta contemplação
silenciosa que Ele abrirá nossos corações para que, olhando os
outros, não a nós mesmos nem a nossa igreja, saibamos “ver a salvação”.
72 O Rosto Amado de Deus