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AdventO
Dia 3
Diante de Pilatos, em um dos momentos
mais solenes de sua vida, reveladores
de sua missão, Jesus proclama: “Meu reino
não é deste mundo. Se meu reino fosse
deste mundo, meus homens teriam combatido
para que não fosse entregue aos judeus.
Mas meu reino não é deste mundo...
nasci e vim ao mundo para dar testemunho
à verdade. Quem é da verdade escuta
a minha voz!” (Jo 18, 36s). Não somente o
convite do Pai se dirige a todos os homens,
mas a própria ação redentora de Jesus
pode ser participada por todos, pois o testemunho
da verdade não conhece fronteiras.
A ação pois pela qual Jesus nos salvou
pode ser vivida em todas as circunstâncias
em que se encontram os humanos, sendo
para cada um dos homens que a praticam,
mediadora de salvação. Não é preciso o
desejo explícito de imitar Jesus Cristo ou
de lhe ouvir a Palavra: Todo homem que
pratica a verdade, coloca-se a serviço da
justiça e age por amor, está pelo fato mesmo
ligado a Jesus Cristo: Quem é da verdade
escuta a sua voz! [...]
Com efeito, em toda e qualquer circunstância,
desde que despertou para a
vida humana propriamente dita, o homem
age movido por um certo amor. O amor é
o movimento fundamental da vontade, do
qual dependem todos os outros e, por conseguinte,
toda a orientação da vida moral.
Agindo movido por amor, qualquer coisa
que faça, o homem está revivendo as circunstâncias
da morte de Cristo, em continuidade
com ela, salvando-se portanto.
Quando ama o bem e se dá oblativamente
ao próximo, associa-se a Jesus e, em união
com ele, vive em comunhão com o Pai. Da
mesma forma, quem se opõe ao bem, pratica
ou se omite diante da injustiça, pactua
com a inverdade e com a mentira, está
em contradição com a morte de Cristo. E,
pelo fato mesmo, recusa a salvação. Nesse
sentido é que São Paulo dizia completar
em sua carne as provações de Cristo
(Cl 1, 24), e morrer todos os dias (1 Cor 15,
31), enquanto sua vida inteira, mas especialmente
seus sofrimentos apostólicos,
eram atos de amor em comunhão com a
Cruz. Em cada ato de amor há como uma
morte a nós mesmos, uma entrega ao outro,
morte e entrega porém salutares pois
repetição, retomada em profundidade, do
ato salvador de Jesus. Mas onde quer que
haja homens morrendo e se entregando
por seus irmãos, aí está brotando a comunidade
dos verdadeiros membros de Cristo,
da Igreja sem fronteiras.
Bernardo Catão (1927-). A igreja sem fronteiras: um ensaio
pastoral. São Paulo: Livraria Duas Cidades, 1965. p. 65-67.
Grupo Marista 33