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Sim, de Filadélfia, sim, mas que aqui quase existe três na (…), uma no bairro,<br />

cada um frequenta e os pastores de facto têm uma grande incidência nas decisões<br />

tomadas. Tivemos um problema que teve também o peso da decisão do<br />

pastor, que foi as meninas do (…) que acompanhávamos e que estavam no…<br />

deviam prosseguir para o 5.º ano, não prosseguiram por decisão do pastor. É<br />

esse… Ou seja, o nosso poder e a nossa influência acaba por esbarrar, não é na<br />

vontade e naquilo que conseguimos trabalhar com as famílias, mas depois com<br />

outros… outras frentes. (Técnica do Projeto Escolhas, 35-39 anos).<br />

É perceção de alguns atores institucionais de que para os indivíduos que frequentam<br />

o “culto” existem mais regras e imposições do que para aqueles que não o frequentam.<br />

De acordo com estes informadores, a “ida ao culto” não tem trazido nem uma maior emancipação<br />

nem valorização do papel da escola, o que de alguma forma contraria o que dizem<br />

certos autores para quem a Igreja Evangélica em geral tem sido um importante motor para<br />

a implementação da escolarização (Rodrigues, 2013). Muitas vezes a “ida ao culto” é vista<br />

pelas jovens como uma oportunidade de encontrar um marido, de “fazerem um bom casamento”,<br />

tornando-se um espaço de socialização importante.<br />

Muitas vezes, e nós vemos isso, as meninas ciganas vão completamente, mas<br />

mesmo bonitas para igreja, de saltos altos, pintadas, cabelo arranjado, para<br />

arranjar um noivo porque dentro do culto é mais fácil arranjar um noivo e<br />

alguém que a família aprova. E depois isso acaba, assim que escolhem o noivo<br />

e ficam prometidas acabou. Mas muitas vezes vão super arranjadas, mesmo<br />

bonitas (Coordenadora de Protocolo de RSI, 30-34 anos)<br />

Esta participação no culto da Igreja Evangélica da Filadélfia é algo que pode ter<br />

consequências importantes e positivas tanto para os indivíduos como para os grupos familiares,<br />

moldando mesmo as suas práticas sociais e é um facto incontornável a sua implantação<br />

e papel preponderante que assumiu entre as pessoas ciganas em Portugal.<br />

11. Discriminação, racismo e preconceitos<br />

A discriminação e o racismo em relação aos ciganos surge nos discursos de forma<br />

bem presente e em que acontece tanto sob o ponto de vista institucional como do ponto de<br />

vista individual. Em Portugal vive-se contra as pessoas ciganas um racismo diferencialista<br />

(Marques, 2007) que consiste numa forma de racismo dirigida aos ciganos que embora não<br />

contemplados pela ideologia “não racista” do Estado Novo, sempre foram tratados negati-<br />

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Estudo NacioNal sobrE as comuNidadEs cigaNas

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