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I. Do não reconhecimento à questão cigana<br />

Estima-se que no mundo existam 12 milhões de ciganos (Moutouh, 2000) e que 2/3<br />

destes vivam na Europa. As maiores comunidades concentram-se em países da Europa<br />

Central, como a Roménia (1 milhão e 800 mil - 2 milhões e 500 mil), ex-Jugoslávia<br />

(entre 690 mil e 1 milhão), Bulgária (700-800 mil), Hungria (550-600 mil), Eslováquia (480-<br />

500 mil) e República Checa (250-300 mil) (Moutouh, 2000). Apesar de os ciganos estarem radicados<br />

em Portugal há mais de 5 séculos, foram no passado e continuam, no presente, em<br />

muitas circunstâncias e/ou contextos, a serem mal vistos e alvo de discriminação, racismo<br />

e desigualdade social. São vítimas de um estigma ou atributo depreciativo. De acordo com<br />

Goffman (1988 [1963]) pessoas nesta situação tendem a reunir-se em pequenos grupos sociais<br />

e são, de um modo geral, considerados incapazes de usar as oportunidades disponíveis<br />

para o progresso nos vários caminhos aprovados pela sociedade. Ao longo da história das<br />

sociedades são construídas barreiras sociais, estereótipos e representações sociais sobre os<br />

“outros” diferentes de “nós” que podem assumir diversas designações. Os indivíduos classificados<br />

como “o outro” fazem, ao longo da sua vida, um percurso mais penoso para atingir<br />

os mesmos objetivos que outros indivíduos a quem não sejam imputados estereótipos nem<br />

representações sociais negativas.<br />

Ora, os ciganos permanecem ainda como um grupo não (re)conhecido pela sociedade<br />

portuguesa maioritária. Não são reconhecidos nem como uma minoria nacional, nem<br />

como uma minoria étnica, assumindo-se, então, os ciganos como cidadãos nacionais, sem<br />

direitos, garantias ou proteção de caráter especial. Na verdade, a inexistência de reconhecimento<br />

dos ciganos, ou até o seu incorreto conhecimento, refletem-se em imagens limitativas,<br />

deformadas, de inferiorização e desprezo, afetando e restringindo negativamente<br />

a vida destas pessoas, o que se configura como mais uma forma de opressão (Taylor, 1988)<br />

sobre os ciganos.<br />

As estimativas sobre a dimensão da população cigana portuguesa divergem consoante<br />

os procedimentos técnico-metodológicos mobilizados pelas diferentes fontes. Assim,<br />

e fazendo aqui um breve recenseamento de algumas das fontes nacionais e internacionais,<br />

cujos quantitativos estão longe de serem consensuais: Nunes (1996: 423), no seu estudo<br />

realizado na década de 70 do século passado, refere a existência de pouco mais de 20 mil<br />

ciganos em Portugal; o European Roma Rights Center, o Centre de Recherches Tsiganes et<br />

Unicef, em 1998 (OCDE, s.d.), apontam um valor que se situa entre os 90 - 100 mil ciganos<br />

portugueses; a ERRC/Númena (2007) estabelece um limiar entre os 50 e os 60 mil; o SOS<br />

Racismo (2001) realizou um inquérito por questionário junto das Câmaras Municipais avançando<br />

com um quantitativo de 21.831 pessoas ciganas; Castro (2004) através de 2 inquéritos<br />

aplicados a mediadores institucionais, tais como as Câmaras Municipais e a Guarda Nacional<br />

Republicana, combinados com alguns resultados do estudo do SOS Racismo sugere um<br />

efetivo na ordem dos 34 mil e de 40 568 em 2012 e, por fim, a Estratégia Nacional para a Integração<br />

dos Ciganos em Portugal (ACIDI, 2013) avança com um limiar entre os 40 e os 60 mil.<br />

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Estudo NacioNal sobrE as comuNidadEs cigaNas

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