(1)

Recommendations

Info

scale of anti-gypsy hostility in Europe, ao mostrar que 48,9% dos portugueses dizem que não querem ter um cigano como vizinho (Vitale e Claps, 2010). Os ciganos continuam a experimentar uma dupla discriminação, por um lado, no setor privado do mercado de habitação quando procuram alojamento para arrendar ou comprar, e por outro, no acesso à habitação social (Mendes, 2007; FRA, 2009). Ainda hoje e como bem salientam Correia (2012), Castro (2013) e Neves (2013), os ciganos vivem na periferia das cidades, das aldeias e das localidades, em terrenos sem rentabilidade, junto a zonas industriais e de difícil acesso, a paredesmeias com lixeiras e animais, acantonados. Estão retirados da restante população, dos equipamentos públicos, nomeadamente, de escolas e dos centros de saúde, o que constitui mais um desincentivo à escolaridade e aos cuidados médicos. Para os que são alvo de operações de realojamento, a mudança dos cenários habitados e a transição para os bairros de realojamento implicou, na ótica de alguns ciganos realojados na Área Metropolitana de Lisboa (AML) (Mendes, 2007), evidentes benefícios, mas também inconvenientes. Num estudo feito nas duas Áreas Metropolitanas, Pereira e Rebelo (2011) salientam que em Lisboa, o realojamento não foi globalmente vivido como uma mais-valia nas vidas destas pessoas, a insatisfação face às más acessibilidades e escassez de equipamentos de apoio à população determinaram o descontentamento e o desejo expresso de mobilidade. Em síntese, apontam-se a não dotação destes locais de equipamentos sociais, espaços comerciais (mercearias, talhos, peixarias, farmácias), a má qualidade dos materiais usados na construção, a vivência num apartamento num piso superior, o estranhamento da coabitação com “Outros” vizinhos (p.e. com africanos), as dificuldades em gerir a limpeza e manutenção de espaços públicos e semipúblicos, a elevada concentração de ciganos, a agudização da conflitualidade intra grupal, a vandalização do edificado e do espaço envolvente, o maior fechamento no espaço residencial, as relações de vizinhança mais distantes e superficiais e as dificuldades em mensalmente pagar a renda e outras despesas associadas à habitação. A justaposição espacial de populações heterogéneas não tende a produzir os efeitos de “nivelamento”, de contágio cultural e homogeneização de comportamentos, tal como foi previsto no início do século passado pela Escola de Chicago e pelos arquitetos e urbanistas do movimento moderno. Acresce a tudo isto, a perda de autonomia e de uma certa liberdade de movimentos, assumindo o significado de espaço e de lugar uma amplitude mais restrita, potenciando a interiorização de um sentimento de maior insegurança ontológica e contextual nos indivíduos. Entre as principais virtualidades do acesso a uma habitação, mesmo num bairro de realojamento, são aludidas a maior privacidade, o maior investimento pessoal e material em torno da casa e da vida familiar, a coabitação com “Outros” e as mais-valias em termos de conforto, higiene, limpeza e asseio. No contexto da presente investigação, importa perceber os principais impactos das políticas sociais no domínio da habitação sobre as trajetórias de vida e qualidade de vida das famílias ciganas, bem como, na promoção da convivência com outras pessoas e grupos sociais. (21) Estudo NacioNal sobrE as comuNidadEs cigaNas
Ao que parece, e nas várias áreas aqui referenciadas (educação, formação e emprego, saúde e habitação), o universalismo das políticas sociais (dignidade igual a todos os cidadãos) não tem surtido os efeitos desejados na redução dos níveis de pobreza, exclusão, discriminação e racismo face aos ciganos. Assim sendo e neste domínio de análise, as ONG’S e os municípios em particular, desempenham um papel-chave na adoção de projetos e programas locais ajustados às diversidades e singularidades dos cidadãos, sendo indispensável, em nosso entender, a adoção de políticas de proximidade que reabilitem outras formas de envolvimento (nomeadamente, familiares) (Cefaï, 2009). (22) Estudo NacioNal sobrE as comuNidadEs cigaNas
Page 2 and 3: (1) Estudo NacioNal sobrE as comuNi
Page 4 and 5: Índice 9 10 12 23 33 33 40 51 52 5
Page 6 and 7: 53 56 142 143 147 149 165 169 179 1
Page 8: 186 187 189 190 191 194 196 196 197
Page 11 and 12: Introdução O Estudo Nacional sobr
Page 13 and 14: I. Do não reconhecimento à quest
Page 15 and 16: ciganos, quase sempre em família,
Page 17 and 18: turas. Deste modo, uma abordagem pl
Page 19 and 20: os outros ciganos (não evangélico
Page 21: 45% dos inquiridos viviam em habita
Page 25 and 26: (ACIDI, 2013) avança com um limiar
Page 27 and 28: ecolha, tratamento e análise dos r
Page 29 and 30: e. Redes de solidariedade e acesso
Page 31 and 32: sincrónicos e diacrónicos, realç
Page 33 and 34: em estudos sobre ciganos e temátic
Page 35 and 36: Saúde prioritários a desenvolver
Page 37 and 38: Outra medida importante foi a cria
Page 39 and 40: nerado. Ou seja, quer a longa depen
Page 41 and 42: que revelar a importância assumida
Page 43 and 44: dade maioritária, divulgando as re
Page 45 and 46: consiste na identificação e valid
Page 47 and 48: 74, Série I de 2014-04-15) tem com
Page 49 and 50: Habitação Ao nível da Habitaçã
Page 51 and 52: • LEADER, dirigido ao financiamen
Page 53 and 54: ção, racismo e preconceito. Procu
Page 55 and 56: No que se refere à experiência pr
Page 57 and 58: Tabela 2 Tipo de instituição e á
Page 59 and 60: de intervenção planeada também c
Page 61 and 62: Com base na informação que foi se
Page 63 and 64: de Tempos Livres (CATL), mas també
Page 65 and 66: Não, só mesmo em termos do futebo
Page 67 and 68: ém são percebidos como prioritár
Page 69 and 70: tantas prestações que muitas veze
Page 71 and 72: oportunidade de integrar profission
Page 73 and 74:
(…) eles gostam muito. (…) Os h
Page 75 and 76:
Eles não estão também habituados
Page 77 and 78:
participação das famílias e pess
Page 79 and 80:
depoimentos, que ilustram os desafi
Page 81 and 82:
Este é o retrato possível das ins
Page 83 and 84:
uma pressão maior para sair da esc
Page 85 and 86:
forma, por se constituírem famíli
Page 87 and 88:
Para além de técnicos que trabalh
Page 89 and 90:
que está nesses guetos e pagamos n
Page 91 and 92:
prédio a prédio a recolha dos ben
Page 93 and 94:
opeu dos Direitos Sociais, que há
Page 95 and 96:
Sim, o abandono escolar é mais nos
Page 97 and 98:
em “conseguir chegar até eles”
Page 99 and 100:
contexto do bairro. Não no aquári
Page 101 and 102:
Apesar de já se manifestarem algun
Page 103 and 104:
Dos 30 para cima, zero. Dos 30 para
Page 105 and 106:
exemplo, aqui no bairro, entre seis
Page 107 and 108:
Eles vão às consultas, não é? M
Page 109 and 110:
As únicas famílias que têm exper
Page 111 and 112:
ciganos. Depois, com a crise econó
Page 113 and 114:
Na nossa associação temos tido vo
Page 115 and 116:
(…) Conseguem ter uma relação e
Page 117 and 118:
Embora tenham sido relatadas relaç
Page 119 and 120:
nos assuntos do marido, e o marido
Page 121 and 122:
adamente, as condições de saúde,
Page 123 and 124:
vamente pelos poderes públicos - p
Page 125 and 126:
Não podem porque a área territori
Page 127 and 128:
portugueses e comunidade cigana. E
Page 129 and 130:
A nível de educação temos muito
Page 131 and 132:
mais integrados. Ao longo destes an
Page 133 and 134:
Sim, acho que sim, agora aqui temos
Page 135 and 136:
que depois havia um conjunto de out
Page 137 and 138:
penso que sim, que é fundamental i
Page 139 and 140:
comunidade cigana, em trabalhar, em
Page 141 and 142:
V. Olhares cruzados: das autarquias
Page 143 and 144:
Tabela 3 Municípios que declaram n
Page 145 and 146:
Leiria 47 5,7 Lisboa 93 11,3 Portal
Page 147 and 148:
Figura 5 População cigana por gru
Page 149 and 150:
versificação social 45 , este é
Page 151 and 152:
Figura 6 Número de ciganos reporta
Page 153 and 154:
Figura 7 Situação profissional (%
Page 155 and 156:
Figura 9 Distribuição geográfica
Page 157 and 158:
Figura 11 Antiguidade da residênci
Page 159 and 160:
endimento: a prestação proporcion
Page 161 and 162:
Figura 15 Tipos de habitação, por
Page 163 and 164:
Figura 17 Níveis de escolaridade,
Page 165 and 166:
VI. Retratos plurais: pessoas e fam
Page 167 and 168:
Os resultados que em seguida se apr
Page 169 and 170:
1. Caracterização dos agregados f
Page 171 and 172:
Os restantes membros dos agregados
Page 173 and 174:
Figura 24 Níveis de ensino dos ele
Page 175 and 176:
Figura 26 Níveis de ensino dos mem
Page 177 and 178:
Figura 28 Condição perante a ativ
Page 179 and 180:
Figura 31 Local de trabalho ou de e
Page 181 and 182:
homens (Pordata). 51 Existe uma mai
Page 183 and 184:
Figura 37 Ascendência do inquirido
Page 185 and 186:
Quando questionados sobre a idade e
Page 187 and 188:
É reduzida a percentagem dos eleme
Page 189 and 190:
Tabela 10 Tempo de desemprego e tem
Page 191 and 192:
Figura 45 Principais fontes de rend
Page 193 and 194:
Tabela 11 Situação dos indivíduo
Page 195 and 196:
Figura 47 Principais tipos de aloja
Page 197 and 198:
Figura 48 Infraestruturas e problem
Page 199 and 200:
Figura 51 Valores médios mensais g
Page 201 and 202:
Tabela 15 Problemas e carências na
Page 203 and 204:
Pão com farinha integral Doces e c
Page 205 and 206:
Quando questionados sobre a utiliza
Page 207 and 208:
Não é bem tratado/a pelas outras
Page 209 and 210:
Figura 54 Participação em diferen
Page 211 and 212:
Tabela 20 Religião e frequência d
Page 213 and 214:
Especificamente no que respeita a r
Page 215 and 216:
idade é relevante destacar que é
Page 217 and 218:
Figura 61 Autoavaliação do nível
Page 219 and 220:
entanto, parecem ser os mais novos
Page 221 and 222:
Figura 65 Nível de concordância f
Page 223 and 224:
Notas síntese Em síntese, a carac
Page 225 and 226:
que regressaram à escola, o mesmo
Page 227 and 228:
VII. Perfis das “comunidades ciga
Page 229 and 230:
3º ciclo 157 10,1 Situação labor
Page 231 and 232:
Outras caraterísticas sociodemogr
Page 233 and 234:
A cargo da família 15,6 6,2 1,4 Co
Page 235 and 236:
Internet 18,1 9,6 21,5 Telemóvel 7
Page 237 and 238:
Tabela 31 Apoios sociais por cluste
Page 239 and 240:
Tabela 34 Participação associativ
Page 241 and 242:
Figura 71 Relações com exogrupo p
Page 243 and 244:
Transportes públicos 10,3 9,1 14,9
Page 245 and 246:
A comparação intergeracional reve
Page 247 and 248:
É o grupo que menos refere ter com
Page 249 and 250:
eflexão. Atualmente, as versões o
Page 251 and 252:
Opinião diferente é a de este gru
Page 253 and 254:
trabalho, sendo a primeira motivada
Page 255 and 256:
ou imposto (P11 e P13) como também
Page 257 and 258:
Integração do grupo 1 Quanto às
Page 259 and 260:
Em termos comparativos, é efatizad
Page 261 and 262:
que encarar que é nora. Com a conv
Page 263 and 264:
Escola Grupo 1 Grupo 2 Grupo 3 Meno
Page 265 and 266:
Saúde e planeamento familiar Grupo
Page 267 and 268:
Conclusões finais e recomendaçõe
Page 269 and 270:
entes de práticas de concentraçã
Page 271 and 272:
é maior do que a proporção daque
Page 273 and 274:
esta disponibilidade ou interesse h
Page 275 and 276:
Análise SWOT 1 Medidas e política
Page 277 and 278:
Análise SWOT 4 Intervenção e con
Page 279 and 280:
No domínio da capacitação e empo
Page 281 and 282:
Bibliografia AA.VV (2001a), Que sor
Page 283 and 284:
Comissão Parlamentar de Ética, So
Page 285 and 286:
Ladányi, J., e Szelényi, I. (2001
Page 287 and 288:
Nunes, Olímpio. 1996. O Povo Cigan
Page 289 and 290:
Woodward, K. (2000), “Identidade
Page 291 and 292:
Plano para a Eliminação da Explor
Page 293 and 294:
OTL - Ocupação de Tempos Livres P
Page 295 and 296:
Programa de Apoio ao Desenvolviment
Page 297 and 298:
Projecto de Educação Intercultura
Page 299 and 300:
Sistema Nacional de Qualificações
Page 301 and 302:
ANEXO 2 Guião de entrevista em pro
Page 303 and 304:
I. Quais são os projetos ou servi
Page 305 and 306:
4) Educação e Formação Profissi
Page 307 and 308:
etc.) * * Quem estabelece o contact
Page 309 and 310:
2) Dificuldades e facilidades de in
Page 311 and 312:
ANEXO 4 Lista de instituições que
Page 313 and 314:
ANEXO 5 Inquérito às autarquias E
Page 315 and 316:
Anexo 6 Lista de Câmaras que respo
Page 317 and 318:
Anexo 7 Inquérito a peritos Invest
Page 319 and 320:
(318) Estudo NacioNal sobrE as comu
Page 321 and 322:
Page 323 and 324:
Page 325 and 326:
Page 327 and 328:
Anexo 9 Distribuição dos question
Page 329 and 330:
Câmara Municipal de Peso da Régua
Page 331 and 332:
Lurdes Nicolau Observatório da Câ
Page 333:
show all

(1)

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

Delete template?

Save as template?