AZ 192DEC.pdf - Exército Português
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<strong>AZ</strong>IMUTE<br />
4<br />
Caros (as) Infantes!<br />
Nº 192 DEC11<br />
Mensagem de Natal<br />
do<br />
Director-Honorário da Arma de Infantaria<br />
Não constitui surpresa para ninguém que a situação do Portugal de hoje é grave. Todos os dias nos<br />
apercebemos nos mais diversos órgãos de comunicação social (OCS) que Portugal, a Europa e o Mundo<br />
Ocidental atravessam uma grave e muito preocupante crise financeira. Ouve-se falar de bancarrota, de<br />
colapso da economia e de desemprego. Nós militares, nós Infantes, não estamos imunes a tais situações<br />
e, por isso, sofremos, como os demais portugueses, os sacrifícios que o actual quadro do País nos<br />
obriga.<br />
No entanto, e sem pretender levantar qualquer polémica, até porque vos escrevo em pleno período e<br />
espírito natalício, estranho, interrogo-me, tento descortinar a razão ou os motivos para ninguém falar em<br />
crise de valores. Sim, porque, salvo melhor opinião, a situação em que vivemos só foi possível porque às<br />
palavras não corresponderam os respectivos actos. Mas para nós Infantes as palavras e os actos têm de<br />
andar sempre de mãos dadas, pois não é possível estar permanentemente disponível para defender os<br />
mais elevados interesses de Portugal se esses não forem valores e desígnios verdadeiramente Nacionais<br />
e não contribuírem para o engrandecimento da Pátria.<br />
É em tempo de crise que nós Infantes mais facilmente compreendemos o que nos foi ensinado e que<br />
procuramos praticar no dia-a-dia. É em tempos difíceis que o valor da iniciativa assume papel primordial.<br />
A rotina fácil e servil perverte vontades e promove em cada um de nós a execução automática das<br />
prescrições superiores. O hábito, qual lei da natureza, potencia defeitos e vícios dificilmente extinguíveis.<br />
Os tempos que estamos a viver carecem do contributo de todos, de modo que, esboçada a ideia geral,<br />
a ideia directriz, a ideia motora, ou seja, o conceito de operação, que para merecer tal designação tem de<br />
ser exequível, cada comandante ou chefe, ao seu nível, tem a obrigação e o dever de a completar consoante<br />
as circunstâncias particulares do seu caso. Deste modo, ninguém poderá ousar afirmar que não<br />
fez o que devia por não ter recebido a ordem. Por outro lado, a verdadeira iniciativa, não deve, não pode,<br />
contrariar o pensamento e a intenção do “General em Chefe”. Porém, o princípio da iniciativa não é cada<br />
um fazer desordenadamente o que quiser. É, pelo contrário, a divisão organizada do trabalho, a sinergia<br />
de esforços inteligentes, é o complemento da arte criadora do comando. A iniciativa nasce do estudo, da<br />
competência, do critério, da razão e até da alma do subordinado. A iniciativa deve ser cuidadosamente<br />
cultivada na paz, para não emergir como uma surpresa na guerra.<br />
Neste período de Natal, aproveitemos para meditar no valor da iniciativa, para que sejamos capazes<br />
de encontrar as melhores formas de contribuir, sem aumento de recursos, para a saída da crise que se<br />
abateu sobre Portugal.<br />
Um Santo Natal para todos (as) aqueles (as) que servem Portugal na Infantaria e, em especial, para<br />
aqueles (as) que nesta quadra festiva, por razões de serviço, se encontram longe do Território Nacional.<br />
O Director-Honorário da arma de infantaria<br />
João Nuno Jorge vaz antunes<br />
tenente-General