AZ 192DEC.pdf - Exército Português
AZ 192DEC.pdf - Exército Português
AZ 192DEC.pdf - Exército Português
Create successful ePaper yourself
Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.
<strong>AZ</strong>IMUTE<br />
78<br />
recebidos e, como é característico da infantaria, foram<br />
cumpridas as tradições da tão desejada “esPeRa”,<br />
designação dada ao 1ºdia.<br />
Durante os seguintes dias e semanas, foram transmitidas<br />
as instruções que constituem a parte técnica e<br />
táctica da arma de infantaria.<br />
ao longo do tPOi foram executadas provas de forma<br />
a averiguar a capacidade física e psicológica de<br />
cada um, e foram estas provas que mais marcaram o<br />
curso devido à sua dificuldade acrescida.<br />
a primeira prova, a “MaRCHa Da vÍRGULa”.<br />
Como qualquer outra prova é difícil definir se é mais<br />
difícil ou não que todas as outras, mas residia a certeza<br />
que tinha que ser ultrapassada, e esse sempre foi<br />
o meu objectivo.<br />
ao longo do tPOi, cada dia era uma prova e, como<br />
é normal, passaram-se momentos bons e outros menos<br />
bons.<br />
Mais uma prova se avizinhava, a “MaRCOR sR.<br />
DO Ó” com cerca de 18km, até então a prova mais<br />
difícil.<br />
Com o passar dos dias comecei a constatar que<br />
qualquer prova era difícil, cada uma diferente da outra.<br />
em Novembro iniciou-se a execução de tiro de<br />
combate. esta prova não pareceu ter o mesmo grau<br />
de dificuldade de qualquer outra executada até então,<br />
exceptuando o facto de estarmos “devidamente equipados”.<br />
Chegou o final da semana, sexta-feira, e dei<br />
por mim a tentar levantar-me da cama, quando constato<br />
que tenho as pernas de tal forma inchadas que<br />
mesmo parada sentia dores. Nesse dia o treino físico<br />
constava numa corrida contínua à qual não conseguia<br />
corresponder, e tive de faltar ao treino. Para agravar a<br />
situação, fiquei dispensada devido a feridas nos pés.<br />
estes foram obstáculos a nível físico com que me deparei,<br />
mas é uma situação à qual ninguém consegue<br />
fugir. No entanto, com o passar dos dias o corpo começou<br />
a recuperar.<br />
apesar destes contratempos, o objectivo era<br />
sempre fazer tudo e conseguir chegar ao fim desta<br />
caminhada.<br />
seguia-se mais uma prova, a “MaRCHa De<br />
tORRes”, com cerca de 34 km. esta não era menos<br />
difícil que qualquer outra, mas com uma diferença,<br />
era uma prova individual. Tendo a consciência das<br />
minhas dificuldades, era mais fácil para mim encarar<br />
este desafio, uma vez que o faria apenas comigo e<br />
não com a necessidade de acompanhar o grupo. Não<br />
sei se por esta razão, mas a verdade é que consegui<br />
o alento para terminar, e terminar bem, mesmo com<br />
um resultado mais positivo do que em relação a outros<br />
elementos do curso. Não pela capacidade de os ultrapassar,<br />
mas sobretudo pela consciencialização da<br />
capacidade de acompanhar o esforço dos restantes,<br />
iniciou-se aqui uma nova alma para enfrentar as restantes<br />
provas.<br />
Ainda no mês de Novembro iniciaram-se os<br />
Nº 192 DEC11<br />
exercícios. Numa semana praticava-se e na outra executava-se,<br />
e no final de cada exercício, cada um avaliava<br />
o desempenho dos outros elementos do curso.<br />
Num destes exercícios, a minha parelha atribuiu-me<br />
a avaliação mais alta, não sem gerar alguma controvérsia.<br />
Como é possível constatar através da minha<br />
história, um grande obstáculo era tentar alterar mentalidades,<br />
o que nem sempre foi conseguido. sem dúvida<br />
que este foi o meu maior obstáculo mas, apesar de<br />
tudo, a concentração que mantive em tudo o que fazia<br />
foi mais forte, o que me auxiliou para concluir o tPOi.<br />
aproximava-se o momento crucial do curso, o<br />
“eXeRCÍCiO De LiDeRaNÇa”. a ansiedade inicial do<br />
que sobre este exercício se conhece, faz-nos questionar<br />
a nossa capacidade para o levar a bom termo.<br />
Contudo constatei que é possível cumpri-lo. O ser<br />
humano tem capacidades inimagináveis e só nos<br />
momentos difíceis se apercebe do que é realmente<br />
capaz.<br />
Foram diversas as provas executadas e os obstáculos<br />
confrontados e ultrapassados, e por inúmeras<br />
vezes senti o corpo todo a inchar devido ao frio e<br />
cansaço.<br />
Chegou o dia da cerimónia solene do final do exercício,<br />
em que se recebeu o tão desejado crachá da<br />
ePi que no seu verso tem gravado o nome do respectivo<br />
tirocinante. Dito deste modo simples, faz crer<br />
que tudo o que foi conquistado até então não passa<br />
de algo banal mas, na realidade, não havia nada mais<br />
importante, nada que sub tituísse aquele momento tão<br />
marcante para os tirocinantes. estava na altura de entrar<br />
na sala de Honra da infantaria para sermos apresentados<br />
como os novos infantes que ali prometiam<br />
honrar os seus deveres. apesar de alguns momentos<br />
não serem tão nítidos na minha memória, aquele é,<br />
sem dúvida, pelo significado que tem, o que guardo<br />
com grande presença e também saudade.<br />
Embora se tenha finalizado um exercício tão importante,<br />
o tPOi não terminava ali, ainda faltava cerca<br />
de um mês para o derradeiro final.<br />
Durante o último mês, o orgulho dominava, o facto<br />
de ter conseguido chegar até esta etapa, sentindo que<br />
a caminhada estava quase concluída.<br />
No mês de Janeiro continuaram as instruções e,<br />
de seguida, as avaliações. No fundo, a continuação do<br />
que se havia feito até então.<br />
Ao longo do TPOI, a grande dificuldade esteve em<br />
quebrar a forma de pensar relativamente à presença<br />
feminina no seio da infantaria.<br />
Para ser mulher na arma de infantaria, tem de se<br />
provar mais do que qualquer homem.<br />
apesar de tudo, provei que o tPOi é possível ser<br />
concluído por uma mulher.<br />
Deixo a sugestão para a próxima mulher: humildade<br />
acima de tudo e fazer sempre por ser e não por<br />
parecer. azimute