AZ 192DEC.pdf - Exército Português
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estratégia e social deste novo<br />
século, agravada pelo aumento<br />
exponencial das cidades e pela<br />
tendência dominante da nova<br />
conflitualidade se desenvolver no<br />
seu interior, a dimensão e adequação<br />
do aparelho militar não<br />
pode ignorar essa realidade e<br />
terá que equacionar novos requisitos<br />
tecnológicos e doutrinários,<br />
distintos de uma realidades de<br />
emprego do aparelho militar que<br />
é mais confortável.<br />
Umas das características essenciais<br />
desse ambiente operacional<br />
é a influência dos civis<br />
num contexto de ação que terá<br />
que evitar, a todo custo, os danos<br />
colaterais e a sua mediatização.<br />
O erro decorrente de uma<br />
baixa não desejada é um fator<br />
preponderante para o sucesso<br />
da operação ou até mesmo da<br />
campanha militar. e se por um<br />
lado essa caraterística condiciona<br />
o modo como as forças em<br />
presença farão uso da força tendo<br />
em atenção as baixas entre<br />
não combatentes, por outro lado<br />
exige uma grande capacidade<br />
de comando e controlo num contexto<br />
de ação com uma grande<br />
descentralização.<br />
Mas há outros parâmetros de<br />
caracterização.<br />
a elevada intensidade de combate<br />
ao nível do subsolo, solo,<br />
acima do solo e no interior ou cobertura<br />
de edifícios obrigando ao<br />
desenvolvimento de novas capacidades<br />
em termos de letalidade<br />
e sistemas de reconhecimento e<br />
aquisição de alvos; a aplicação<br />
de estratégias de grande violência<br />
(ações que procuram maximizar<br />
a dissimetria negativa entre<br />
atores) por parte de adversários<br />
sem rosto ou uniforme procurando<br />
a vitória no mediatismo dos<br />
media impondo novas dinâmicas<br />
de proteção individual; e a condução<br />
de combates com campos<br />
de tiro exíguos pautados pelo<br />
consumo acentuado de abastecimentos<br />
e necessidades de apoio<br />
e evacuação sanitária obrigando<br />
à implementação de novas capacidades<br />
em termos de proteção e<br />
sobrevivência, são alguns exemplos<br />
de um leque alargado de novos<br />
desafios táticos, técnicos e<br />
tecnológicos (vink, 2008).<br />
Contudo, esta caracterização<br />
situacional ficaria incompleta se<br />
não fossem perspetivados dois<br />
aspetos de natureza logística. O<br />
primeiro respeita à possibilidade<br />
de emprego das forças em limites<br />
territoriais que nem sempre<br />
são os nacionais, muitas vezes<br />
em regiões do globo com debilidades<br />
infraestruturais essenciais<br />
à criação de áreas de sustentação<br />
para uma resposta logística<br />
oportuna, alargando em tempo e<br />
em espaço a cadeia de abastecimentos.<br />
No segundo terá que ser<br />
tida em consideração a possibilidade<br />
de emprego de forças numa<br />
ótica de multifuncionalidade de<br />
atores e de apoios, obrigando ao<br />
estabelecimento de parcerias e<br />
rearranjos tecnológicos onde a<br />
modularidade e interoperabilidade<br />
dos sistemas será essencial<br />
(Pagonis, 1992).<br />
em suma, um novo ambiente<br />
operacional que se traduz, necessariamente,<br />
no mesmo homem,<br />
sempre guiado pelo instinto<br />
e pela razão do momento, mas<br />
com novas capacidades materializadas<br />
por um conjunto de sistemas<br />
que terão que dinamizar<br />
a sua capacidade psicofísica e<br />
cognitiva.<br />
2. O soldado de Infantaria.<br />
Novas capacidades e possibilidades<br />
de emprego.<br />
O principal papel do soldado<br />
de infantaria será, como à 800<br />
anos atrás, o combate próximo<br />
em terreno aberto e em cidades,<br />
num espectro alargado de operações<br />
que podem englobar operações<br />
de resposta a crises, como<br />
imposição de Paz, Manutenção<br />
de Paz, apoio a autoridades<br />
Civis, ações Humanitárias e a<br />
Guerra Declarada.<br />
Nesse contexto de emprego<br />
será obrigado a atuar em diferentes<br />
cenários, terrenos, climas<br />
e condições de visibilidade. e<br />
quando hipoteticamente numa<br />
operação de guerra abandona a<br />
plataforma que lhe garante mobilidade<br />
tática terrestre, marítima<br />
ou aérea, utilizará sempre o fogo<br />
e o movimento para alcançar<br />
uma posição mais vantajosa relativamente<br />
a um ou mais adversários,<br />
sempre num contexto de<br />
grande intensidade e desgaste<br />
psicofísico.<br />
Mas esta visão redutora do<br />
soldado de infantaria tem que<br />
ser vista noutra perspetiva. Na<br />
verdade, o soldado de infantaria<br />
é, cada vez mais, um sistema de<br />
armas. O soldado de infantaria<br />
é um sistema materializado em<br />
tudo que utiliza, carrega e consome<br />
numa operação, sendo parte<br />
de uma subunidade que comporta<br />
outros soldados (quatro a<br />
nove homens constituindo uma<br />
esquadra ou secção, respetivamente)<br />
e onde, num contexto coletivo,<br />
terá que operar para atingir<br />
com eficiência os objetivos do<br />
escalão superior em que se integra<br />
a sua unidade (normalmente<br />
designada por Pelotão).<br />
Os sistemas que transporta e<br />
que dele fazem esse sistema de<br />
armas respeitam sempre os seguintes<br />
requisitos (CeDs, 2011):<br />
• modularidade, onde os interfaces<br />
que transporta permitam e<br />
aceitem a integração de outros<br />
módulos como são caso de power<br />
sources e sighting devices;<br />
• adaptabilidade, para de acordo<br />
com a sua missão, independentemente<br />
da duração da<br />
operação, tipologia da ameaça<br />
e ambiente físico, os sistemas<br />
que transporta tenham a capacidade<br />
para adicionar módulos,<br />
afetando ao mínimo as configurações<br />
de base e ergonomia<br />
do todo, disponibilizando assim<br />
novas capacidades para outra<br />
Nº 192 DEC11<br />
<strong>AZ</strong>IMUTE<br />
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