AZ 192DEC.pdf - Exército Português
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A primeira Oficial de infantaria do sexo feminino.<br />
A vitória sobre um dogma<br />
Dedico este artigo aos camaradas do meu curso<br />
que sempre acreditaram em mim e à minha parelha.<br />
Não é pretendido com este artigo elogiar ou até<br />
mesmo, pelo contrário, criticar alguém. O que se pretende<br />
é fazer passar o conhecimento do que é o tPOi<br />
para uma mulher e, com isto, explicar o porquê de<br />
uma mulher ser diferente. Contudo, não quer dizer que<br />
tenha de ser tratada de forma diferente. esta é, sem<br />
dúvida, a parte mais difícil de explicar, dado que as<br />
mulheres querem ser tratadas com igualdade.<br />
É esperado alterar opiniões, quem sabe!<br />
A mulher no desempenho de missões no seio da<br />
infantaria<br />
este tema, como qualquer outro que fala de uma<br />
mulher no seio da infantaria, é um assunto controverso<br />
e, de certa forma, também sensível.<br />
Não vale a pena fazer deste assunto uma preocupação,<br />
dado que a mulher não quer ocupar o lugar de<br />
ninguém, mas sim o seu.<br />
Quando se menciona o curso de infantaria pensa-<br />
-se logo em algo difícil, exigente e até mesmo, que<br />
não é para mulheres.<br />
Desta ideia obsoleta advém a questão:<br />
terá a mulher capacidade de responder a esta<br />
exigência?<br />
Talvez seja importante definir o grau de dificuldade<br />
e exigência em causa, para posteriormente verificar se<br />
a mulher é ou não capaz de cumprir.<br />
a verdade é que, contrariamente a uma perceção<br />
inicial e parcial de grande dificuldade ou mesmo de<br />
impossibilidade, com o passar dos anos a mulher tem<br />
vindo a adquirir mais competências para cumprir missões<br />
no seio da infantaria, bem como noutras áreas<br />
julgadas exclusivas do sexo masculino. Podemos na<br />
realidade ter dificuldades, mas os homens também<br />
as têm e, no entanto, isso não é colocado em causa.<br />
a mulher pode ter, por norma, menor força física<br />
que o homem mas, na verdade, compensa essa pretensa<br />
vulnerabilidade com uma forte determinação e<br />
vontade.<br />
O melhor é não insistir neste assunto, que se baseia<br />
num conjunto de mentalidades algo retrógradas,<br />
e deixar de colocar em causa as capacidades da mulher.<br />
Como em todas as organizações, existem bons<br />
e menos bons profissionais, independentemente de<br />
estes serem homens ou mulheres.<br />
alf inf andreia Freitas<br />
Frequência do curso de infantaria na academia<br />
militar<br />
a 1 de Outubro de 2006 iniciou-se um percurso de<br />
4 anos na academia Militar, efectivando-se a entrada<br />
no curso exército armas. após a conclusão do 1ºano<br />
e já a ingressar no 2ºano da academia Militar, realizou-se<br />
a escolha da arma. Quando esse dia chegou,<br />
só a arma de infantaria permanecia com vagas por<br />
preencher.<br />
Logo desde início, o ingresso na arma de infantaria<br />
foi uma preocupação devido à exigente componente<br />
física e psicológica que tão bem a caracteriza. Um primeiro<br />
obstáculo prendia-se com uma certa tradicional<br />
desconfiança relativamente à existência de elementos<br />
do sexo feminino no curso de infantaria.<br />
ao longo do 2º ano foram frequentes as alusões,<br />
de vários setores sobre as dificuldades na prossecução<br />
deste caminho. Mesmo assim e apesar da pressão,<br />
esse ano foi ultrapassado.<br />
O mesmo sucedeu no 3ºano, contudo equilibrado<br />
pela boa relação de camaradagem entre todos os elementos<br />
do curso.<br />
O 4ºano foi, sem dúvida, o mais difícil de ultrapassar,<br />
talvez pela aproximação de provas mais difíceis<br />
e pela eventual pressão que se ia desenvolvendo no<br />
seio do curso.<br />
Como acontecera tantas outras vezes, a opção de<br />
desistir foi considerada, no entanto, tal não aconteceu<br />
graças ao apoio das minhas camaradas de quarto e,<br />
fundamentalmente, por outros camaradas do meu curso<br />
que não desistiam de acreditar que seria a primeira<br />
mulher a terminar o curso de infantaria.<br />
a noção de que, mais ninguém senão eu própria<br />
e os que em mim acreditavam, constituía o apoio essencial<br />
à minha capacidade de decisão, levou-me a<br />
reforçar a minha determinação.<br />
e assim conclui o 4ºano da academia Militar.<br />
A visão do tirocínio segundo a primeira mulher<br />
oficial de infantaria, obstáculos e sugestões.<br />
a 1 de Outubro de 2010 iniciou-se uma longa caminhada<br />
que, no ano de 2006, já havia sido alvo de grande<br />
atenção quando o ingressou no tPOi a primeira<br />
mulher oficial oriunda da Academia Militar. A chegada<br />
da segunda mulher ao tPOi era novamente seguida<br />
com bastante atenção por diversas pessoas e surgia a<br />
dúvida, “será que esta consegue?”.<br />
Chegados à ePi, os recentes aspirantes foram bem<br />
Nº 192 DEC11<br />
<strong>AZ</strong>IMUTE<br />
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