Manuel Philomeno de Miranda
Manuel Philomeno de Miranda
Manuel Philomeno de Miranda
Create successful ePaper yourself
Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.
Manoel <strong>Philomeno</strong> <strong>de</strong> <strong>Miranda</strong>! Divaldo Pereira Franco<br />
Tornava-se um círculo vicioso: as mentes emitindo ondas<br />
sombrias e absorvendo os efeitos danosos que pairavam no ar...<br />
A emoção <strong>de</strong> ternura e compaixão tomou-me e <strong>de</strong>ixei-me<br />
arrastar pelas blandícias da oração em favor daquela<br />
socieda<strong>de</strong> atormentada.<br />
Chegou o momento <strong>de</strong> retornarmos aos labores. Todos<br />
nos encontrávamos assinalados pelo bom humor, pela alegria<br />
que se <strong>de</strong>riva do serviço fraternal <strong>de</strong> amor ao próximo, e nossa<br />
condução fez-se da mesma maneira como chegáramos sob o<br />
comando do nosso Benfeitor.<br />
Atingida a região do nosso <strong>de</strong>stino, <strong>de</strong> imediato passamos<br />
ao programa <strong>de</strong> assistência espiritual aos irmãos do carreiro<br />
da agonia.<br />
Logo chamou-me a atenção um Espírito feminino que<br />
se encontrava sob terrível dominação <strong>de</strong> outro, masculino, que<br />
se apresentava com aspecto terrível e a explorava psiquicamente<br />
<strong>de</strong> maneira cruel.<br />
Totalmente <strong>de</strong>svairada e presa aos vestígios carnais, a<br />
atormentada <strong>de</strong>batia-se entre as sensações da <strong>de</strong>composição<br />
cadavérica avançada e a injunção penosa a que era submetida.<br />
Podíamos ver o algoz que a explorava emocionalmente, levando-a<br />
a acessos contínuos <strong>de</strong> gritos, blasfêmias e loucura.<br />
Enquanto a contemplava presa ao corpo que tentava<br />
reerguer, talvez pensando em fugir à situação penosa, acercou-se-nos<br />
uma anciã <strong>de</strong>sencarnada que, lacrimosa e aflita,<br />
pediu-nos ajuda, informando-nos ser-lhe a genitora.<br />
Imediatamente, fez um sintético retrato biográfico da<br />
infeliz.<br />
- Minha filhinha - começou entre lágrimas <strong>de</strong> resignação<br />
e débil voz — era ven<strong>de</strong>dora <strong>de</strong> ilusões. Tornou-se profissional<br />
aos catorze anos <strong>de</strong> ida<strong>de</strong>, quando foi consorciada, <strong>de</strong><br />
acordo com os nossos costumes, com um homem <strong>de</strong> aparência<br />
respeitável e <strong>de</strong> caráter vil, muito mais idoso do que ela. Os<br />
84