Manuel Philomeno de Miranda
Manuel Philomeno de Miranda
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Transição Planetária<br />
pulsar... No seu estado atual <strong>de</strong> fraqueza não suportará por<br />
mais tempo a ingestão dos fluidos venenosos eliminados pelos<br />
adversários, e que vem absorvendo, piorando o estado ao somar-se<br />
aos <strong>de</strong>mais fatores <strong>de</strong> <strong>de</strong>sequilíbrio...<br />
Depois <strong>de</strong> ligeira reflexão silenciosa, acentuou:<br />
- Ele necessita, porém, <strong>de</strong> sobreviver...<br />
Não <strong>de</strong>u mais explicações, exceto, informando:<br />
- Sem que recupere a luci<strong>de</strong>z, terá uma longa existência<br />
vegetativa <strong>de</strong> reparação.<br />
Ato contínuo, acercou-se dos litigantes, con<strong>de</strong>nsando<br />
o perispírito, até permitir-se ser percebido pelos algozes, e<br />
pôs-se, serenamente, a dialogar com os mesmos.<br />
- Reconheço - afirmou com tonalida<strong>de</strong> bondosa na voz<br />
- a justeza das vossas argumentações em referência ao paciente.<br />
No entanto, a aplicação da justiça compete a Deus, que<br />
conhece em profundida<strong>de</strong> cada um <strong>de</strong> nós. Jamais saberemos<br />
como corrigir alguém, quando dominados pelo ódio e <strong>de</strong>sejosos<br />
<strong>de</strong> vingança... Nosso jovem é leviano, vem cometendo<br />
crimes hediondos, sem dúvida. Arrebatá-lo pela morte, não<br />
será igualmente um crime perverso e sem justificativa, porque<br />
o mal, <strong>de</strong> maneira alguma, se insere no contexto da vida?!...<br />
"Consi<strong>de</strong>rando-se, portanto, a circunstância, a vossa disposição<br />
<strong>de</strong> discipliná-lo, <strong>de</strong> retê-lo no Além-túmulo, a fim <strong>de</strong><br />
apressar<strong>de</strong>s a sua punição, violenta as Leis Soberanas, porque<br />
ninguém tem o direito <strong>de</strong> tomar nas mãos a clava da justiça..."<br />
Furibundos, ambos reagiram, enquanto outros, agitados,<br />
entregavam-se à gritaria, tentando gerar perturbação.<br />
- Não necessitamos <strong>de</strong> juiz estrangeiro — revidou um<br />
<strong>de</strong>les. - Conhecemos as nossas leis e, por elas, pelo Alcorão,<br />
assim como através da Xariá sabemos como conduzir-nos,<br />
aplicando as chibatadas correspon<strong>de</strong>ntes ao crime, e são vários os<br />
crimes <strong>de</strong> <strong>de</strong>sonra e <strong>de</strong>gradação <strong>de</strong> vidas por ele cometidos,<br />
portanto, na Terra, punidos com a pena <strong>de</strong> morte, o que es-<br />
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