Dissertação Teo Bueno - Museu da Vida
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cognitivas que foram fun<strong>da</strong>mentais para mol<strong>da</strong>r a pessoa que hoje em dia eu sou, entre<br />
elas ativi<strong>da</strong>des artísticas, esportivas e intelectuais. Graças a esse ensino calcado em<br />
práticas construtivistas e com forte ênfase em ciências humanas, pude experimentar uma<br />
formação escolar volta<strong>da</strong> para os princípios do materialismo histórico e com muitos<br />
estímulos para o desenvolvimento de uma autonomia de pensamento crítico e ci<strong>da</strong><strong>da</strong>nia.<br />
Enquanto eu cursava a oitava série do primeiro grau, em um sábado de praia,<br />
conversando com minha mãe sobre a vi<strong>da</strong> marinha e a importância que o mar tem na<br />
vi<strong>da</strong> de todo o planeta, percebi que queria fazer biologia. Apesar de ter escolhido cedo<br />
que faria biologia, eu nunca tive o perfil de cientista mirim, pelo contrário. A biologia<br />
nem era uma <strong>da</strong>s minhas matérias favoritas do colégio.<br />
Ao concluir o Ensino Médio, na época Segundo Grau, prestei vestibular para UFRJ e<br />
passei para a tão espera<strong>da</strong> facul<strong>da</strong>de de Biologia. Ingressei na turma do primeiro<br />
semestre de 1998. As aulas começaram e tudo parecia muito legal. Por sorte, o corpo<br />
discente do Instituto de Biologia <strong>da</strong> UFRJ é tradicionalmente um grupo muito<br />
interessante e com práticas e idéias que também podem ser considera<strong>da</strong>s alternativas aos<br />
padrões tradicionais de trotes de calouros. Fui muitíssimo bem recebido pelos meus<br />
veteranos e pude participar de uma série de ativi<strong>da</strong>des que considero que foram<br />
importantes para que eu desenvolvesse uma afeição pelo espaço <strong>da</strong> universi<strong>da</strong>de pública<br />
como, por exemplo, realizar plantios pelo campus, recuperar canteiros do prédio onde<br />
estudávamos, limpar laboratórios e etc. No entanto, após as primeiras semanas de aula,<br />
foi deflagra<strong>da</strong> uma greve geral na universi<strong>da</strong>de. A greve de noventa e oito entrou para<br />
história <strong>da</strong> UFRJ como uma <strong>da</strong>s mais longas já realiza<strong>da</strong>s. Durante esse período de<br />
greve, que se estendeu por três meses, eu participei <strong>da</strong>s ativi<strong>da</strong>des do comando de greve<br />
local <strong>da</strong> biologia. Destaco também que essas experiências foram cruciais na formação<br />
do aluno e estu<strong>da</strong>nte que eu viria a ser dentro <strong>da</strong> universi<strong>da</strong>de. Durante esse período de<br />
greve, nós estu<strong>da</strong>ntes de biologia, em conjunto com alguns professores e funcionários<br />
do Instituto de Biologia realizamos uma série de ativi<strong>da</strong>des. Realizamos shows em<br />
defesa <strong>da</strong> universi<strong>da</strong>de pública no largo do São Francisco, debates, palestras e<br />
assembléias, participamos de eventos em praças públicas para divulgar a produção<br />
científica universitária entre outras coisas. Esses eventos todos, logo no inicio do meu<br />
curso me fez olhar e conhecer a universi<strong>da</strong>de de um ponto de vista completamente<br />
diferente do que eu teria se eu fosse um mero aluno dentro de uma sala de aula. Ao<br />
longo desse processo eu conheci funcionários, professores e alunos que me deram<br />
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