Dissertação Teo Bueno - Museu da Vida
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<strong>da</strong> lingüística tradicional não é possível entender o que leva os indivíduos a usarem de<br />
forma tão diversa esse sistema lingüístico.<br />
Com o passar dos anos, a lingüística tradicional foi acumulando críticas a essa<br />
posição que desconsiderava as relações entre a língua e o contexto social de utilização<br />
dessa língua. A partir dessa discussão dentro do campo, é elabora<strong>da</strong> a Sociolingüística.<br />
A sociolingüística foi uma tentativa de incorporar aspectos sociais nas análises de<br />
textos. Poderíamos até situá-la historicamente como um primeiro passo no sentindo de<br />
se afastar do conceito de linguagem como um sistema autônomo independente do meio<br />
social (HODGES& KRESS, 1988). Ao incorporar aspectos sociais em suas análises, a<br />
sociolingüística ampliou o leque de possibili<strong>da</strong>des de investigações, debruçando-se em<br />
questões que envolvessem o estudo <strong>da</strong> linguagem em seu uso e não apenas como um<br />
sistema lingüístico. Entre as questões abor<strong>da</strong><strong>da</strong>s pela sociolingüística poderíamos<br />
destacar: estudo de dialetos regionais e sociais, estudo de códigos sociais, mu<strong>da</strong>nças de<br />
código, uso <strong>da</strong> linguagem em comunicações interpessoais ou entre culturas, a linguagem<br />
<strong>da</strong>s instituições sociais, a variabili<strong>da</strong>de <strong>da</strong> linguagem em função <strong>da</strong>s situações, efeitos<br />
de poder na linguagem, entre outras. (HODGE & KRESS, 1988)<br />
No entanto, apesar de ser considera<strong>da</strong> como um avanço em relação à<br />
incorporação de aspectos sociais no estudo de textos, ela sofreu críticas devido ao<br />
caráter determinista que ela atribuiu aos aspectos sociais que influenciavam os textos<br />
(FAIRCLOUGH, 2001). A sociolingüística foi importante na medi<strong>da</strong> em que começou a<br />
investigar situações de uso <strong>da</strong> linguagem, porém para alguns, seus métodos eram<br />
insuficientes para responder ou problematizar questões relativas aos processos de<br />
mu<strong>da</strong>nças discursivas e sociais. Ou seja, para alguns autores (FAIRCLOUGH, 2001,<br />
LEMKE, 1995) os pressupostos <strong>da</strong> sociolingüística não <strong>da</strong>vam conta do caráter<br />
dinâmico <strong>da</strong> socie<strong>da</strong>de, que através <strong>da</strong> linguagem e de seus símbolos, está em estado<br />
permanente de construção e reconstrução. A sociolingüística acabou por olhar uma<br />
socie<strong>da</strong>de estática ao atribuir um efeito unilateral do contexto social na utilização <strong>da</strong><br />
linguagem. O individuo ficou sem espaço para transgressão ou reinvenção do cotidiano,<br />
pois tudo era visto como resultado dos contextos sociais. Essa visão unilateral <strong>da</strong><br />
constituição <strong>da</strong> linguagem não deu espaço para investigação dos processos de mu<strong>da</strong>nça<br />
sociais e discursivas e também gerou vieses maniqueístas com relação ao entendimento<br />
do Poder nas questões <strong>da</strong> utilização <strong>da</strong> linguagem (FAIRCLOUGH, 2001).<br />
Apesar de alguns autores considerarem a Sociolingüística como um primeiro<br />
passo na desconstrução <strong>da</strong> linguagem como um sistema autônomo, é consenso que o<br />
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