Dissertação Teo Bueno - Museu da Vida
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Da mesma maneira, o JB Ecológico passa ao largo <strong>da</strong>s discussões e<br />
contribuições <strong>da</strong> comuni<strong>da</strong>de científica para definir os usos <strong>da</strong> palavra ecologia, que é<br />
defini<strong>da</strong> principalmente a partir de referências ao universo discursivo religioso e<br />
místico. A palavra ecologia é emprega<strong>da</strong> em uma varie<strong>da</strong>de de contextos sendo<br />
utiliza<strong>da</strong> muito mais na sua condição de adjetivo e utiliza<strong>da</strong> para qualificar os mais<br />
diversos substantivos. Essa utilização <strong>da</strong> palavra ecologia nos preocupa pelo fato dela,<br />
em certo sentido, esvaziar uma dimensão conceitual importante que acaba por não<br />
deixar claro para o leitor o que significa este termo num contexto científico. A<br />
apropriação dos termos ecologia e ecológico pela revista também é próxima dos<br />
sentidos que circulam nos círculos empresariais e político. Estes não dialogam com<br />
bases científicas e sim aos aspectos ligados ao discurso do senso comum onde essas<br />
palavras constroem um significado de natureza, bem estar, ci<strong>da</strong><strong>da</strong>nia, preservação do<br />
meio ambiente. Com isso, a revista deixa de qualificar a discussão acerca <strong>da</strong>s questões<br />
ambientais uma vez que não recorre aos profissionais que produzem conhecimento<br />
científico acerca dessas questões e muito menos aos conhecimentos de populações<br />
tradicionais acerca dessas questões. Esse distanciamento do discurso científico pode<br />
também suscitar reflexões acerca do compromisso e envolvimento <strong>da</strong> comuni<strong>da</strong>de<br />
acadêmica com as instâncias político-econômicas <strong>da</strong> socie<strong>da</strong>de.<br />
Nesse sentido, reforçamos que qualquer apropriação de textos de jornais e<br />
revistas para fins pe<strong>da</strong>gógicos precisa levar em consideração as condições de produção<br />
desses textos e principalmente situá-los dentro dos universos discursivos os quais eles<br />
pertencem. Uma apropriação direta desses textos levaria a uma incorporação do<br />
discurso <strong>da</strong> revista como sendo natural e não como o resultado de uma construção<br />
discursiva. É evidente que os professores já realizam apropriações críticas dos textos<br />
utilizados em sala de aula, no entanto, acreditamos que esse trabalho pode contribuir<br />
para o desenvolvimento de uma leitura crítica dos textos que circulam na mídia sobre<br />
meio ambiente na medi<strong>da</strong> em que apresenta uma formulação teórica para abor<strong>da</strong>r<br />
aspectos <strong>da</strong> produção, circulação e recepção desses textos.<br />
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