Dissertação Teo Bueno - Museu da Vida
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1 INTRODUÇÃO<br />
1.1 A questão Ambiental e seus Discursos<br />
Conceituando a “problemática ambiental”<br />
Questões relaciona<strong>da</strong>s ao meio ambiente e a relação entre o homem e o meio<br />
ambiente podem ser discuti<strong>da</strong>s a partir de uma diversi<strong>da</strong>de de perspectivas ideológicas.<br />
Essas diferentes perspectivas permitem construir diferentes níveis e formas de<br />
problematização para estas questões e geram diferentes explicações.<br />
Uma destas perspectivas é aquela que busca problematizar, numa perspectiva<br />
histórica e desenvolvimentista, a ação humana sobre o meio ambiente. Sob esta ótica, o<br />
atual estado de degra<strong>da</strong>ção do meio ambiente estaria inexoravelmente ligado ao<br />
crescimento populacional, principalmente <strong>da</strong>s populações de países em<br />
desenvolvimento. Segundo esse tipo de abor<strong>da</strong>gem, as populações dos países em<br />
desenvolvimento atingiram taxas que superam a capaci<strong>da</strong>de de suporte do meio<br />
ambiente. Já dentro de uma perspectiva materialista-histórica a problemática ambiental<br />
pode ser entendi<strong>da</strong> como uma conseqüência do efeito <strong>da</strong> acumulação de capital e<br />
maximização <strong>da</strong> taxa de lucro a curto prazo visto que as degra<strong>da</strong>ções ambientais são<br />
decorrentes <strong>da</strong> exploração do ambiente de modo a sustentar um regime de produção<br />
capitalista-industrial. Em última análise, a expansão <strong>da</strong> degra<strong>da</strong>ção ambiental<br />
acompanhou e alimentou a expansão e desenvolvimento do sistema capitalista e de suas<br />
mega-corporações. (LEIS. 2004, LEFF, 2001).<br />
Alguns estudos apontam que a problemática ambiental está também intimamente<br />
liga<strong>da</strong> ao processo histórico <strong>da</strong> emergência <strong>da</strong> Ciência Moderna e <strong>da</strong> conseqüente<br />
Revolução Industrial (LEFF,2001,SILVA & SCHRAM, 1997) . O desenvolvimento<br />
histórico <strong>da</strong>s ciências naturais levou a uma compartimentalização do conhecimento<br />
motivado pela necessi<strong>da</strong>de de aumentar a eficiência e autonomia dos muitos campos de<br />
pesquisa. A aplicação do conhecimento científico, orientado dentro de um projeto<br />
positivista de desenvolvimento, levou a um aumento <strong>da</strong> eficiência produtiva e técnica,<br />
causando o que foi historicamente chamado de Revolução Industrial. Mais tarde, a<br />
revolução tecnológica e produtiva no século XIX provocou mu<strong>da</strong>nças estruturais nos<br />
planos políticos, econômicos e sociais principalmente nas nações centrais <strong>da</strong> Europa<br />
(Inglaterra e França) assim como nas nações periféricas. Essas revoluções basea<strong>da</strong>s no<br />
conhecimento científico levaram ao aumento de produtivi<strong>da</strong>de em diversos setores. Esse<br />
aumento de produtivi<strong>da</strong>de e eficiência levou também a um aumento do consumo dos<br />
recursos naturais em uma escala nunca vista antes. Aliás, é bom salientar que o próprio