Dissertação Teo Bueno - Museu da Vida
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O consumo de um texto varia conforme o contexto em que ele é consumido e<br />
também em função do grau de trabalho interpretativo que o texto exige. A distribuição<br />
de um texto pode ser simples ou complexa. Ela está intimamente liga<strong>da</strong> ao padrão de<br />
consumo do texto. O contexto social do texto exerce influência no tipo de rede de<br />
distribuição que ele participará e, consequentemente, onde será consumido.<br />
Ao escrever, o autor de certa forma antecipa e incorpora em seu texto os<br />
processos de distribuição e consumo que se espera desse texto. Nesse processo o autor<br />
também incorpora no texto os seus leitores em potencial. Nesse sentido, o texto sempre<br />
conterá traços <strong>da</strong> dimensão sócio-cognitiva do seu autor. A dimensão sócio-cognitiva se<br />
refere ao conjunto de experiências de vi<strong>da</strong> e de leitura, assim como seus<br />
posicionamentos sociais que estarão, de alguma forma, implícitos nos texto.<br />
Assim como os processos de produção do texto, os processos de interpretação<br />
são restringidos pelos recursos individuais <strong>da</strong>s pessoas e também pela natureza<br />
especifica <strong>da</strong> prática social <strong>da</strong>s quais esses processos fazem parte. Os recursos<br />
individuais dos participantes dos processos comunicacionais são estruturas sociais<br />
efetivamente internaliza<strong>da</strong>s, assim como ordens do discurso e normas e convenções de<br />
produção, distribuição e consumo. A internalização desses recursos se dá como<br />
resultado do aprendizado formal e interpessoal dos indivíduos em socie<strong>da</strong>de.<br />
Um dos pontos importantes para Análise Crítica do Discurso é a possibili<strong>da</strong>de de<br />
estabelecer conexões entre a natureza dos processos discursivos em instâncias<br />
particulares, com a natureza <strong>da</strong>s práticas sociais que essas instâncias particulares fazem<br />
parte.<br />
A produção e interpretação de um texto são entendi<strong>da</strong>s pela análise crítica como<br />
um processo de múltiplos níveis. Existiria um nível chamado de inferior que se refere às<br />
palavras e às frases e outro nível, chamado superior, que se refere ao significado e as<br />
representações que as palavras e frases constroem. Esse modelo nos permite elaborar<br />
abor<strong>da</strong>gens ascendentes ou descendentes de análises. As abor<strong>da</strong>gens ascendentes<br />
entendem os significados do nível superior como resultados dos elementos do nível<br />
inferior. Nas abor<strong>da</strong>gens descendentes, os significados <strong>da</strong>s sentenças são os pontos de<br />
parti<strong>da</strong> e o nível inferior <strong>da</strong>s palavras é condicionado por esses significados.<br />
É importante ressaltar que essa divisão, inferior, superior é arbitrária e que a<br />
interpretação transita o tempo todo por entre essas duas orientações<br />
ascendente/descendente. No entanto, esse modelo de orientações e níveis permite ao<br />
interprete reduzir a multiplici<strong>da</strong>de de significados que um texto pode ter.<br />
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