Dissertação Teo Bueno - Museu da Vida
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coração “é o único caminho para a ver<strong>da</strong>de e a luz”. A aparição desse tipo de discurso<br />
traz junto uma série de metáforas que tornam o planeta Terra nossa casa ou um barco<br />
planetário. A condição humana é coloca<strong>da</strong> como parte de um todo maior na qual o<br />
homem é apenas coadjuvante em um cenário cósmico.<br />
O discurso científico é trazido, de forma indireta, nos editoriais principalmente<br />
na forma de paráfrases, como no caso do já citado editorial <strong>da</strong> quarta edição em que são<br />
apresenta<strong>da</strong>s paráfrases <strong>da</strong>s teorias evolutivas e ecológicas. Metáforas como a de que a<br />
terra está fervendo ou em ebulição, ou que o planeta é nossa casa ou barco planetário se<br />
referem e utilizam claramente de informações que foram produzi<strong>da</strong>s a partir de<br />
trabalhos científicos descrevendo o efeito estufa, discutindo as conseqüências do<br />
aquecimento global ou pensando o conjunto de interconexões entre os organismos e os<br />
ecossistemas. No entanto os editoriais não incluem, em geral, referências explícitas a<br />
suas fontes científicas, nem trazem a voz dos próprios cientistas para o seu texto, por<br />
meio de citações, por exemplo. Uma única exceção se deu no caso do editorial <strong>da</strong><br />
edição de número 12 onde o cientista Fritjof Capra é citado no contexto de uma análise<br />
<strong>da</strong>s propostas do governo Lula para o seu man<strong>da</strong>to. No caso desse editorial, o editor<br />
apenas sugere que o presidente Lula tem o potencial de vir a ser o ponto de mutação na<br />
política ambiental e social brasileira e não explora a metáfora do ponto de mutação para<br />
além de seu significado mais literal.<br />
Na sua maioria, to<strong>da</strong>s as informações advin<strong>da</strong>s do campo de pesquisa científica<br />
são parafrasea<strong>da</strong>s em novos termos e colocações. Destacamos aqui um exemplo:<br />
73<br />
“Na Rio+10 a informação foi curta e<br />
grossa. A água, o planeta e o que<br />
continuamos fazendo com ele já está<br />
fervendo em ebulição suici<strong>da</strong>. Nós lemos<br />
isso nos jornais, ouvimos no rádio e vimos<br />
na televisão: “pulem fora <strong>da</strong> panela!<br />
Desliguem o gás!”. (JB Ecológico, Nº 8,<br />
página 06, 6º parágrafo)<br />
Esse trecho faz parte do editorial <strong>da</strong> oitava edição intitulado “A ecologia do<br />
Sapo” onde o editor realiza uma comparação entre o comportamento <strong>da</strong> espécie humana<br />
com o comportamento de um sapo em uma panela de água quente. Nesse editorial o<br />
editor informa que ao se colocar um sapo em uma panela de água fria e levar essa<br />
panela ao fogo, o sapo vai sendo cozinhado lentamente, pois ele, não é capaz de<br />
perceber o aumento gradual <strong>da</strong> temperatura <strong>da</strong> água. Caso ele fosse colocado<br />
diretamente em uma panela de água fervente ele perceberia a alta temperatura e pularia