Dissertação Teo Bueno - Museu da Vida
Dissertação Teo Bueno - Museu da Vida
Dissertação Teo Bueno - Museu da Vida
You also want an ePaper? Increase the reach of your titles
YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.
espécie humana é coloca<strong>da</strong> enquanto produto <strong>da</strong> natureza e em certo sentido aproxima<br />
se com a visão científica que se tem <strong>da</strong> humani<strong>da</strong>de.<br />
Vemos ain<strong>da</strong> neste mesmo editorial, uma sugestão de relação entre os conceitos<br />
de ecologia, Desenvolvimento Sustentável e religião:<br />
68<br />
“ E o tal do desenvolvimento sustentável? Essa foi<br />
a melhor de Deus, desculpe, do Criador, <strong>da</strong> Natureza. A<br />
humani<strong>da</strong>de, os governantes, os empresários e demais<br />
conci<strong>da</strong>dãos terráqueos tiveram que compreender que<br />
desenvolver-se egoisticamente , sem a visão ecológica do<br />
todo, a qualquer preço, tipo o nosso milagre econômico<br />
pre<strong>da</strong>ndo o meio ambiente, é suicídio. É continuar<br />
obtendo o ter pessoal para perde-lo (sic) logo ali na<br />
frente.” (JB Ecológico nº. 4, página 08, 6º parágrafo )<br />
“Resumindo: a questão ambiental nos põe todos no<br />
mesmo barco planetário.” (JB Ecológico nº. 4, página 08, 7º<br />
parágrafo )<br />
Esse trecho transcrito do editorial <strong>da</strong> quarta edição nos revela algumas posições<br />
que o editor assume ao construir seu discurso sobre meio ambiente. A primeira delas é<br />
fazer uma conexão direta entre um conceito altamente técnico e científico a uma<br />
racionali<strong>da</strong>de religiosa/espiritual. O editor atribui a Deus, ou ao Criador ou a Natureza<br />
a autoria do conceito de Desenvolvimento Sustentável. Notamos que ele inclusive se<br />
esquiva de fazer referência a alguma religião especifica deixando em aberto a qual Deus<br />
ele se refere e <strong>da</strong>ndo possibili<strong>da</strong>de de que outras formas de espirituali<strong>da</strong>de que não à<br />
católica se identifiquem com sua posição. No parágrafo anterior a essa citação ele faz<br />
uma crítica à igreja católica pelo fato dela historicamente ter considerado a Natureza, os<br />
animais e os índios como impuros e selvagens. Ao pedir desculpa após citar Deus o<br />
editor realiza um intertexto sob a forma de uma negação. A desculpa pedi<strong>da</strong>, em certo<br />
sentido, nega a autori<strong>da</strong>de <strong>da</strong> imagem católica de Deus e abre espaço para outras formas<br />
de se relacionar com a religiosi<strong>da</strong>de nas figuras do Criador e <strong>da</strong> Natureza.<br />
Na frase seguinte, o editor identifica em ordem decrescente os atores envolvidos<br />
no entendimento do desenvolvimento sustentável. A partir <strong>da</strong> categoria humani<strong>da</strong>de, o<br />
editor destaca a categoria dos governantes, segui<strong>da</strong> dos empresários e por último os<br />
chamados conci<strong>da</strong>dãos terráqueos. Essa citação reforça nossa tese de que existe por<br />
parte <strong>da</strong> revista uma maior interlocução com governantes e empresários visto que esses