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Dissertação Teo Bueno - Museu da Vida

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discurso sobre meio ambiente que o JB Ecológico constrói contribui para a manutenção<br />

<strong>da</strong> hegemonia desses aspectos frente às questões ambientais<br />

A revista exerce uma importante influência na introdução de termos oriundos<br />

dessas esferas específicas para o uso no senso comum. No entanto a utilização desses<br />

conceitos e termos no JB Ecológico é basea<strong>da</strong> em posicionamentos particulares <strong>da</strong><br />

revista como, por exemplo, a visão de que os setores empresariais têm maior<br />

responsabili<strong>da</strong>de de cui<strong>da</strong>r <strong>da</strong>s questões ambientais e que também são esses setores que<br />

mais têm exercido essa responsabili<strong>da</strong>de ou então o entendimento de que a luta<br />

ambiental deve ser feita prioritariamente via as instituições políticas estabeleci<strong>da</strong>s e<br />

hegemônicas. Nesse sentido, os sentidos que o JB Ecológico dá para os conceitos sobre<br />

o meio ambiente estão mais associados aos utilizados pelos setores governamentais e<br />

<strong>da</strong>s empresas do que os sentidos construídos na academia, por exemplo. Notamos<br />

também que as iniciativas do terceiro setor na área de Meio Ambiente não ganham tanto<br />

destaque quanto as iniciativas dos setores governamentais e empresariais reforçando<br />

assim a idéia de que os posicionamentos do JB Ecológico estão mais alinhados com<br />

uma proposta de divulgar ações desses setores.<br />

Vimos que a revista organiza seu discurso com base em conceitos específicos de<br />

desenvolvimento sustentável e ecologia. A definição de desenvolvimento sustentável<br />

mais frequentemente menciona<strong>da</strong> parece se aproximar <strong>da</strong>quela adota<strong>da</strong> pela maioria dos<br />

setores empresariais, isto é, reforça a manutenção de um modelo desenvolvimentista,<br />

porém agora atento aos custos ambientais. A revista apresenta e defende esse modelo de<br />

desenvolvimento que mantém as relações de poder como estão e que, de certa forma,<br />

contradiz o aspecto “revolucionário” que o editor atribui às questões ambientais em<br />

alguns editoriais e reportagens.<br />

A construção do conceito de desenvolvimento sustentável não é problematiza<strong>da</strong><br />

pela revista e é trata<strong>da</strong> nos diferentes textos como se fosse uma questão livre de<br />

polêmicas. Críticas ao conceito de desenvolvimento sustentável não são coloca<strong>da</strong>s em<br />

pauta, o que resulta num direcionamento <strong>da</strong> discussão que nem sempre deixa espaço<br />

para que eventuais leitores <strong>da</strong> revista, que não possuam os recursos sócio-cognitivos<br />

necessários para se posicionar criticamente frente à informação, possam fazê-lo. Com<br />

isso, a revista acaba por naturalizar sua definição de desenvolvimento sustentável e<br />

incorporá-la ao discurso do senso comum.<br />

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