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Dissertação Teo Bueno - Museu da Vida

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empresas que poluem o ambiente ou a ci<strong>da</strong>dãos que não respeitam as regras do bom<br />

convivo ambiental.<br />

Finalmente, discursos próprios <strong>da</strong>s áreas <strong>da</strong> saúde transparecem indiretamente na<br />

forma de conceitos relacionados ao bem estar social. O editor associa a quali<strong>da</strong>de de<br />

vi<strong>da</strong> à preservação dos recursos naturais, a manutenção dos corpos de água limpos e<br />

uma melhor relação homem natureza.<br />

75<br />

“Só isso [a falta de um coração universal] pode<br />

explicar a o caso continuado <strong>da</strong> Shell que há mais<br />

de meio século vem contaminando uma área<br />

equivalente a 25 campos de futebol na Vila<br />

Carioca, em São Paulo. Contaminando o solo, as<br />

águas e os organismos de 30 mil seres humanos<br />

que vivem ali. Leia-se com pestici<strong>da</strong>s tipo aldrin e<br />

substâncias quimicamente tóxicas como benzeno,<br />

chumbo e cádmio. To<strong>da</strong>s, comprova<strong>da</strong>mente,<br />

cancerígenas.” (JB Ecológico, Nº2, página 09, 4º<br />

parágrafo)<br />

Nesse editorial, o editor não problematiza como ocorre a contaminação do solo<br />

<strong>da</strong>s águas e dos organismos. O leitor não tem como saber se essa contaminação se dá<br />

por despejo de resíduos, se é pelo esgoto <strong>da</strong>s indústrias ou qualquer outro tipo de<br />

processo de contaminação. Da mesma maneira não são problematizados quais tipos de<br />

câncer essas contaminações podem causar e nem quem comprovou que as substâncias<br />

cita<strong>da</strong>s são de fato cancerígenas. Percebemos nesse fragmento de editorial que o editor<br />

deixa de articular em seu discurso elementos dos discursos científicos e <strong>da</strong> saúde. Essa<br />

opção faz com que o texto deixe de qualificar a discussão em torno <strong>da</strong>s conseqüências<br />

<strong>da</strong> má conduta ambiental do ponto de vista <strong>da</strong>s ações de grandes empresas poluidoras.<br />

Também notamos nessa passagem uma utilização de pressuposição na sentença “To<strong>da</strong>s,<br />

comprova<strong>da</strong>mente, cancerígenas”. A palavra “comprova<strong>da</strong>mente” é coloca<strong>da</strong> nessa<br />

sentença de modo a reforçar a veraci<strong>da</strong>de <strong>da</strong> informação técnica de que as substâncias<br />

cita<strong>da</strong>s provocam câncer. No entanto, o texto não atribui a ninguém o ato de comprovar<br />

essas características. Nesse sentido, o texto pressupõe que quem tem a capaci<strong>da</strong>de de<br />

comprovar se uma substância é cancerígena ou não são os especialistas desse assunto<br />

sejam eles técnicos ou cientistas. Partindo dessa pressuposição, o autor não atribui a<br />

ninguém o ato de comprovar essas características. Ao mesmo tempo em que oculta parte<br />

do discurso científico na forma de pressuposições, o editor faz uso <strong>da</strong> imagem científica<br />

para embasar e reforçar suas opiniões de que as empresas que não utilizam “as<br />

ferramentas mais amorosas e sociais <strong>da</strong> comunicação social junto às suas vítimas” não

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