FLAVIA CAMPOS DE MELO SILVA - Unisul

e como as práticas sociais intermedeiam entre os textos concretos e as estruturas sociais mais
amplas.
Partindo dessa perspectiva, este trabalho busca analisar criticamente o discurso de
revistas femininas voltadas para a temática da moda, partindo da hipótese de que essas
revistas compartilham do modelo hegemônico de corpo magro, e apresentam dicas e
conselhos sobre como a leitora deve usar o vestuário para aproximar-se desse modelo,
revelando as opções possíveis para essa aproximação e as conseqüências que o afastamento
desse modelo pode gerar.
O corpus de análise foi montado a partir de duas revistas brasileiras de moda
feminina – Manequim e Estilo de Vida, ambas editadas pela Editora Abril S.A. Por serem
revistas mensais, o corpus compõe-se de seis edições consecutivas de cada uma das revistas,
publicadas entre os meses de janeiro e junho de 2006. Na revista Manequim, foram
selecionadas as seções Manequim Responde, Certo e Errado e Nossa Capa. Já na revista
Estilo de Vida, as seções escolhidas foram Radar de Moda e Guia de Estilo. Os textos
selecionados dão conselhos e tiram dúvidas sobre como alguém que esteja fora do padrão
corpóreo “ideal” (leia-se corpo alto, magro e curvilíneo) pode tentar chegar o mais próximo
possível desse padrão, escolhendo as peças “corretas” de vestuário.
1.1 JUSTIFICATIVA
A beleza física sempre teve destaque e importância na cultura e nas sociedades
humanas. Em diferentes momentos históricos e diferentes contextos sócio-culturais, distintos
padrões de beleza foram construídos e disseminados. A relação do corpo com a sociedade
sempre foi de certa forma imperativa, fazendo com que um tipo de corpo em específico fosse
15