FLAVIA CAMPOS DE MELO SILVA - Unisul

estruturas sociais falamos da linguagem em si; já nas práticas sociais a linguagem está nas
ordens do discurso, enquanto que os textos são a linguagem nos eventos sociais. De acordo
com Fairclough (2003, p. 24), “uma linguagem define um certo potencial, certas
possibilidades, e exclui outras”, ou seja, os textos representam escolhas feitas no potencial das
estruturas da língua, mediadas pelas restrições e controles estabelecidos pelas práticas sociais.
Fairclough (2003, p. 3) afirma que “qualquer exemplo real de linguagem em uso é
um texto”. Porém, não se deve limitar a palavra texto ao significado de algo somente escrito
ou impresso; os gestos, as cores, as imagens, também são formas de linguagem. Os textos são
considerados parte dos eventos sociais, eventos estes que podem ter um caráter textual mais
ou menos proeminente dependendo de seu gênero textual e propósito comunicativo, isto é, às
vezes o discurso ocupa um papel central em um determinado evento social – e.g. uma
palestra, uma aula – e às vezes seu papel torna-se complementar – e.g. uma partida de futebol.
A ACD distingue dois tipos de ‘poderes’ causais que fazem os textos possuírem
suas características próprias: “por um lado, as estruturas e as práticas sociais; e por outro os
agentes sociais, as pessoas envolvidas nos eventos sociais (Archer 1995, Sayer 2000)”
(FAIRCLOUGH, 2003, p. 22). Os agentes sociais sofrem restrições em suas formas de agir,
mas suas ações não são totalmente determinadas pelas estruturas e práticas sociais. Eles são
capazes de representar a realidade textualmente de diferentes formas, determinando as
relações entre os elementos de um texto.
Conforme dito anteriormente, os textos são o uso da linguagem nos eventos
sociais. Fairclough (2003, p. 24) afirma que os textos “não são simplesmente os efeitos dos
potenciais definidos pela linguagem”. Entre os textos específicos e as estruturas sociais
abstratas existem entidades organizacionais intermediárias de um tipo lingüístico específico,
i.e. “os elementos lingüísticos da rede das práticas sociais” (2003, p. 24). Estes elementos são
considerados pelo autor como ‘ordens de discurso’. Uma ordem de discurso é:
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