FLAVIA CAMPOS DE MELO SILVA - Unisul

163. [Leve e solto] O vestidão com tecido de bom caimento e decote em V funciona para quase todos os
tipos de corpo. (Manequim, Certo e Errado, março de 2006, p. 38)
164. [Em forma] A garota da foto acertou ao combinar a blusa preta com a calça escura, que emagrece.
(Manequim, Certo e Errado, maio de 2006, p. 74)
Os excertos acima apresentam avaliações positivas em relação ao que quatro
mulheres anônimas vestem. Nos exemplos 161, 162, 163 e 164, além de parabenizar as
mulheres clicadas por suas ‘boa’ escolhas, a revista explica o porquê de elas serem ‘corretas’,
dessa forma prescrevendo padrões ‘adequados’ a serem seguidos.
165. [Em pedaços] Antes de sair de casa, repare nas linhas horizontais formadas pelas roupas que está
vestindo. Elas dividem o corpo e fazem com que ele pareça largo e achatado. Calça curta com meia
e mangas da malha amarradas nos quadris deixam qualquer pessoa baixa e cheinha. (Manequim, Certo e
Errado, janeiro de 2006, p. 71)
166. [Proporção] Usar vestido jeans continua fashion. Mas procure evitar colocá-lo com calça de bainha
dobrada. Isso achata as pernas. (Manequim, Certo e Errado, março de 2006, p. 38)
167. [Sem sintonia] A parte de baixo desta produção não combinou com o tecido, o modelo e a cor da
blusa. Escolha um estilo só para apostar. (Manequim, Certo e Errado, maio de 2006, p. 75)
168. [Volume a mais] Além da combinação não ter dado certo, a jaqueta amarrada na cintura aumentou
a silhueta. (Manequim, Certo e Errado, junho de 2006, p. 39)
Os exemplos acima evidenciam os ‘erros’ cometidos pelas mulheres clicadas nas
ruas. Neles, a avaliação da revista é abertamente negativa. As escolhas erradas não se
restringem somente ao tamanho das roupas, mas também às misturas de peças e aos padrões
utilizados.
Em resumo, as representações avaliativas apresentadas pelas revistas femininas de
moda têm uma clara função pedagógica: a de ensinar as leitoras a disciplinarem seus corpos,
seus estilos e seu comportamento social através do que selecionam para vestir. Essas
publicações nos ensinam que determinadas peças são úteis para disfarçar ou acentuar
determinadas partes de nossos corpos, nos aproximando das proporções curvilíneas ideais, e
nos ajudando a forjar a identidade de uma mulher bela, atraente, elegante e bem-sucedida. De
acordo com Rabine (2002, p. 73):
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