FLAVIA CAMPOS DE MELO SILVA - Unisul
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símbolos gráficos não foram usados a revista consegue fazer com que a leitora identifique em<br />
um primeiro olhar quais das mulheres clicadas estão vestidas de forma ‘certa’ ou ‘errada’. Os<br />
títulos (e.g. Exagerada; Quase certo; Sem sintonia; Volume a mais), além de avaliativos, são<br />
impressos em cores diferentes: verde para que o está ‘certo’ e vermelho para o que está<br />
‘errado’.<br />
A impressão que se tem desta seção é que ela tem o intuito de mostrar tanto<br />
‘defeitos’ quanto ‘acertos’ na forma de vestir o corpo feminino. Embora eminentemente<br />
avaliativa, o número de ocorrências nessa seção de julgamentos positivos de corpos vestidos<br />
ou encobertos ‘corretamente’ (27 ocorrências) é igual ao número de julgamentos negativos de<br />
mulheres que cujas roupas não mascaram (pelo contrário, até mesmo acentuam) alguma<br />
imperfeição corporal (26 ocorrências). Podemos concluir que a revista equilibra avaliações<br />
positivas e negativas com o intuito de manter uma relação de proximidade e intimidade com a<br />
leitora. Se apresentasse somente avaliações negativas, a revista correria o risco de criar uma<br />
imagem excessivamente dura e crítica, dando a idéia de que as leitoras jamais têm bom senso<br />
ou bom gosto para escolher suas roupas. Por outro lado, mostrando somente avaliações<br />
positivas, a leitora poderia inferir que não há necessidade de consumir a revista, uma vez que<br />
as leitoras já sabem como montar seus guarda-roupas de acordo com o padrão de beleza e<br />
elegância femininas, e que, portanto, não precisam dos conselhos e dicas de especialistas. A<br />
revista tem que exercer “o saber de seu controle deixando-nos de mãos atadas, olhando-nos na<br />
solidão” (MILANEZ, 2004, p. 185). É preciso que a leitora sinta-se ao menos parcialmente<br />
inadequada, insatisfeita com seu corpo e seu estilo, e ignorante quanto a como solucionar ou<br />
minorar seus problemas, para que continue a consumir a revista como produto, assim como os<br />
produtos da indústria do vestuário que a revista promove. Aqui estão alguns exemplos:<br />
161. [Alongue-se] A blusa com recorte império afinou a cintura. (Manequim, Certo e Errado, janeiro de<br />
2006, p. 70)<br />
162. [À vontade] A suave estampa na parte de baixo do corpo ajuda a quebrar a monotonia do look.<br />
(Manequim, Certo e Errado, fevereiro de 2006, p. 50)<br />
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