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FLAVIA CAMPOS DE MELO SILVA - Unisul

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corporeidade continuem ligadas em nossa cultura, as pressões sociais pela busca do corpo<br />

magro se tornaram muito mais intensas para as mulheres. A ameaça que paira sobre as<br />

mulheres que não disciplinam seus corpos é a exclusão social. A mulher que está fora do<br />

padrão não mais luta contra um problema de saúde que possa trazer conseqüências ao seu<br />

bem-estar físico. Ela luta contra quilos que a farão ser vista como uma “pecadora”: “nosso<br />

tormento não é o fogo do inferno, mas a balança e o espelho” (<strong>DE</strong>L PRIORE, 2004, p. 255).<br />

O início do imperativo do corpo feminino magro como padrão de beleza e de<br />

moda deu-se no século XX com o desencadear de uma obsessão com o emagrecimento. A<br />

partir da primeira-metade do século XX passou a ser constrangedor, social e fisicamente, não<br />

estar incluído num grupo no qual o tamanho corporal ideal era o tamanho pequeno (incluindo<br />

aqui o tamanho das roupas). Nesse sentido específico, Lipovetsky (2002, p. 39-40) afirma<br />

que:<br />

A moda é um sistema original de regulação e de pressão sociais: suas mudanças<br />

apresentam um caráter constrangedor, são acompanhadas do “dever” de adoção e de<br />

assimilação, impõem-se mais ou menos obrigatoriamente a um meio social<br />

determinado – tal é o “despotismo” da moda tão freqüentemente denunciado ao<br />

longo dos séculos.<br />

A partir do final do século XIX a mulher passa a ser estigmatizada caso houvesse<br />

a necessidade de uso de roupas em tamanhos diferentes do padrão magro idealizado,<br />

expondo-lhe a um processo de reprovação social. A obesidade era (e continua sendo)<br />

sinônimo de feiúra, representando o universo do vulgar. Até hoje a gordura é associada à<br />

velhice, e com isso à perda de prestígio (<strong>DE</strong>L PRIORE, 2004). A aparência saudável, magra e<br />

elegante é o que voga. Para ilustrar essa tendência, Del Priore (2000, p. 75) transcreve o relato<br />

de uma revista feminina de 1923 – Revista Feminina – que ditava: “é feio, é triste mesmo ver-<br />

se uma pessoa obesa, principalmente se se tratar de uma senhora; toca às vezes as raias da<br />

repugnância”. Já essa época exigia corpos esguios e ágeis, incompatíveis com a gordura.<br />

Indo além da repugnância à obesidade, o ideal de beleza feminina contemporânea<br />

passa pelo “tornar-se um saco de ossos” (<strong>DE</strong>L PRIORE, 2000, p. 90). A mulher ‘ideal’ é<br />

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