FLAVIA CAMPOS DE MELO SILVA - Unisul

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3 METODOLOGIA Neste capítulo descrevo o corpus que compõe a pesquisa e os procedimentos metodológicos selecionados para sua análise. Este trabalho investiga criticamente as representações da moda e dos corpos apresentados nas seções Manequim Responde, Certo e Errado e Nossa Capa, da revista Manequim, e nas seções Radar de Moda e Guia de Estilo, da revista Estilo de Vida. Estas seções oferecem dicas e conselhos às leitoras, além de tirar suas dúvidas, enviadas através de cartas e e-mails, sobre como conseguir ‘imitar’ o corpo hegemônico, ou seja, escolhendo peças de vestuário que mascarem ‘defeitos’ e exaltem ‘qualidades’. As seções analisadas são provenientes das edições de janeiro a junho de 2006 de ambas as revistas, totalizando 12 edições (seis edições de cada revista). O modelo de representação dos atores sociais proposto por van Leeuwen (1997) é a ferramenta utilizada para a análise micro-estrutural dos textos selecionados. Na próxima seção descrevo este modelo analítico, assim como as características do corpus e as categorias analíticas selecionadas dentro da proposta de van Leeuwen. 49
3.1 ANÁLISE TEXTUAL MICRO-ESTRUTURAL: REPRESENTAÇÃO DOS ATORES SOCIAIS O modelo de representação dos atores sociais proposto por van Leeuwen é composto de uma minuciosa descrição sócio-semântica das formas como os atores sociais podem figurar nos discursos, a partir de categorias sociológicas (que não correspondem necessariamente a categorias lingüísticas). Essa proposta é constituída por diversas categorias e subdivisões. Nesta seção não me deterei sobre todas elas, mas apenas sobre aquelas que me interessam devido a sua ocorrência no corpus desta pesquisa. O sistema de representação dos atores sociais parte de duas grandes categorias: a exclusão e a inclusão. De acordo com van Leeuwen, “as representações incluem ou excluem actores sociais para servir os seus interesses e propósitos em relação aos leitores a que se dirigem” (1997, p. 180). Quando os atores sociais são excluídos, os agentes não são explicitados, mantendo-se encobertos por diferentes estratégias discursivas. Esta exclusão pode acontecer por diversos motivos: a) os participantes são irrelevantes; b) por já estarem inseridos no contexto, os agentes podem ser suprimidos; c) por não poderem ser claramente identificados, eles são deixados de fora propositalmente; e d) o escritor/falante deseja intencionalmente não identificá-los (VAN LEEUWEN, 1997). A exclusão pode ser realizada sob a forma de supressão ou de encobrimento. Na supressão, o texto não faz qualquer menção aos atores sociais; já no encobrimento, os atores sociais não são mencionados em certas partes do texto, porém podem ser identificados em outras partes. Através dessa estratégia, os atores sociais não são totalmente excluídos. Há a possibilidade de descobrir quem eles são, já que eles estão “pouco visíveis, empurrados para segundo plano” (VAN LEEUWEN, 1997, p. 181). 50
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