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FLAVIA CAMPOS DE MELO SILVA - Unisul

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No discurso das revistas femininas de moda, os atores sociais também são<br />

representados através da indeterminação, porém com muito menos ocorrências no corpus. A<br />

indeterminação se dá pela representação dos atores sociais como indivíduos não específicos.<br />

Uma categoria é textualizada através do uso de pronomes indefinidos quando “usados em uma<br />

função nominal” (VAN LEEUWEN, 1997, p. 199). Como no caso da determinação, os<br />

exemplos de indeterminação referem-se à categoria mulheres em geral. Vejamos alguns<br />

exemplos:<br />

88. Calça curta, com meia e mangas da malha amarradas nos quadris deixam qualquer pessoa baixa e<br />

cheinha. (Manequim, Certo e Errado, janeiro de 2006, p. 71)<br />

89. Visitamos um dos mais importantes eventos fashion de São Paulo para ver como as pessoas se vestem.<br />

(Manequim, Certo e Errado, março de 2006, p. 38)<br />

90. O blusê da camisa, a calça reta e o salta alto criaram o efeito que todo mundo deve procurar quando se<br />

veste. (Manequim, Certo e Errado, fevereiro de 2006, p. 51)<br />

91. Tente ser discreta. Pessoas elegantes não se vestem como pavão. (Manequim, Nossa Capa, abril de<br />

2006, p. 25)<br />

92. A pólo cai bem em qualquer mulher. (Estilo de Vida, Guia de Estilo, janeiro de 2006, p. 37)<br />

93. A t-shirt tradicional valoriza qualquer mulher. (Estilo de Vida, Guia de Estilo, fevereiro de 2006, p.<br />

38)<br />

94. Tenha a consciência de que sempre vai ter alguém mais bem vestido que você. (Manequim, Nossa<br />

Capa, abril de 2006, p. 25)<br />

Comparando as duas formas de representação (determinação e indeterminação),<br />

percebe-se que embora os exemplos listados acima se refiram à categoria mulheres em geral,<br />

as estratégias de moda prescritas como forma de adequação ao corpo hegemônico possuem<br />

um destinatário “certo”: as leitoras. Embora se referindo a mulheres anônimas, o intuito da<br />

revista é ensinar às leitoras como se vestir, numa relação de poder entre detentores de<br />

conhecimento técnico (as revistas) e leigos (as leitoras). De acordo com McLoughlin (2000, p.<br />

70) “o produtor textual inclui o leitor, que é esperado que se reconheça como membro de uma<br />

comunidade”. Esse reconhecimento, ao fazer a leitora identificar-se como destinatária dos<br />

conselhos e críticas ali ditados, também tem o propósito de fidelizar as leitoras. A revista, ao<br />

criar a idéia de aproximação entre si e seu público, lhe cativa e incentiva o consumo.<br />

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