FLAVIA CAMPOS DE MELO SILVA - Unisul
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entidade faz algo, compromete-se em alguma ação”. Os processos relacionais caracterizam<br />
ou identificam a participante. Os processos mentais referem-se ao mundo interno da nossa<br />
consciência, aos processos cognitivos de pensar e de sentir. “Nós muito frequentemente<br />
falamos não sobre o que estamos fazendo, mas sobre o que pensamos ou sentimos” (EGGINS,<br />
2004, p. 225). Neste tipo de processo já não faz sentido questionar-se sobre o que alguém fez.<br />
Os processos mentais são investigados através dos pensamentos, percepções e sentimentos do<br />
agente da oração (sensor).<br />
Entretanto, apesar de serem agentes de processos materiais, relacionais e mentais,<br />
a ativação da leitora limita-se ao fato de ela expor um problema relativo ao vestuário e<br />
solicitar sugestões. Ao avaliar-se esta categoria fica visível que à leitora é atribuído um papel<br />
de poder claramente inferior ao papel assumido pelos peritos que irão responder à sua<br />
pergunta, uma vez que sua função é apenas permitir que a revista sirva de intermediária entre<br />
a leitora leiga e os sistemas peritos. Segundo Fairclough (1989, p.126):<br />
No modo interrogativo, o falante/escritor está [...] pedindo algo ao receptor, nesse<br />
caso informação, e o receptor está na posição de fornecedor dessa informação.<br />
Assimetrias sistemáticas na distribuição dos modos entre os participantes são<br />
importantes per se em termos de suas relações: pedir, seja uma ação ou informação,<br />
é geralmente uma posição de poder, assim como o é dar informações [...].<br />
Assim, poderíamos dizer que, no caso das leitoras, há na verdade uma “pseudo-<br />
ativação”, uma vez que quem realiza as ações de poder são os peritos e a revista. O ponto aqui<br />
é que, na relação leitora-perita/o, o papel da primeira é hierarquicamente inferior ao da<br />
segunda. Apesar de a pergunta vir diretamente da leitora, fica claro que ela está pedindo<br />
permissão para agir (ou usar determinada peça de roupa) em circunstâncias específicas. Em<br />
suas perguntas, as leitoras corriqueiramente usam o verbo poder ou gostar. Ao usar o verbo<br />
poder, a leitora está pedindo o aval das/os peritas/os em relação à determinada peça de<br />
vestuário, no sentido de sua adequação ou não. Ao usar o verbo gostar, a leitora mais uma vez<br />
coloca-se na posição hierárquica duplamente inferior de desconhecedora do assunto e de<br />
quem pede um conselho.<br />
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