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FLAVIA CAMPOS DE MELO SILVA - Unisul

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submetem seus corpos a diferentes processos de cuidado e manipulação, tendo suas<br />

experiências sempre determinadas pela cultura.<br />

Claude Lévi-Strauss (apud QUEIROZ; OTTA, 1999) reflete sobre as formas de<br />

apropriação do corpo pela cultura, citando que os índios Mbaia-Caduveo do Brasil que, para<br />

fazerem parte de seu grupo, depilavam completamente seus rostos, incluindo sobrancelhas e<br />

pestanas, e se pintavam para ‘serem homens’. Como esse exemplo ilustra, cada cultura define<br />

o padrão de beleza corporal ‘ideal’ à sua maneira, e seguir esse padrão deriva do desejo dos<br />

indivíduos de assemelhar-se àqueles que possuem maior prestígio e posição social, critérios<br />

também compartilhados e propagados pela moda. Mesquita (2004, p. 64) segue essa mesma<br />

linha de pensamento, ao argumentar que “o corpo torna-se o principal suporte de expressão do<br />

poder do ser humano quanto a si próprio, à sua subjetivação e até mesmo ao seu destino”.<br />

A exploração da plástica corporal remete a valores diversos incorporados ao<br />

próprio corpo, que busca um meio de marcar sua presença no espaço social, demonstrando<br />

sua necessidade de diferenciação e individualização. O indivíduo deseja atrair o olhar alheio,<br />

chamar a atenção, demonstrar sua importância dentro do grupo social ao qual pertence.<br />

Castilho (2004, p. 58) acredita que “o corpo é um objeto, um discurso, pelo modo como ele<br />

está estruturado sintática e semanticamente”, e complementa dizendo que “o corpo é<br />

ressemantizado pelos valores que se apresentam em conjunto com sua materialidade”. Em<br />

outras palavras, quando da presença de outrem, o corpo se reconstrói, cobrindo-se de<br />

características culturais e construindo uma identidade de sujeito no discurso.<br />

Com os conceitos de feminilidade e corporeidade fortemente enraizados na<br />

cultura do corpo magro e jovem, a identidade corporal dos dias atuais se associa cada vez<br />

mais ao equilíbrio entre beleza, saúde e juventude. Ser simplesmente magro já não é<br />

suficiente. Aparentar jovialidade e elegância também é fundamental. Esse modelo de<br />

identidade corporal, comum nas sociedades ocidentais, em conjunto com as práticas de<br />

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