FLAVIA CAMPOS DE MELO SILVA - Unisul

de roupa fica melhor se você tiver 20, 30, 40 anos ou mais. Assim, a revista, embora ditando a
eterna busca da jovialidade, prescreve e proscreve o que a mulher deve ou não usar conforme
vai envelhecendo. Embora no exemplo 113 a revista declare ser possível usar listras em
qualquer idade, em outros momentos ela é proscritiva em termos de quem pode usar certas
roupas e estilos. Para as mulheres na faixa dos 20 anos, a bermuda é indicada. Já para as de
30, um vestido é a melhor escolha. Ao chegar aos 40 anos, a “parceria perfeita” é uma calça
de alfaiataria com uma camisa de mangas 7/8 (ver anexo D, fevereiro de 2006, figura C), para
esconder ‘imperfeições’ como a perda da tonicidade da pele, manchas de idade, etc. Portanto,
a diferenciação em termos de faixa etária é parte essencial da pedagogia do ‘bem-vestir’.
Apesar de a chamada deste excerto (113) não fazer diferenciação, ao ler a matéria, a leitora
vai se ver obrigada a se encaixar em sua faixa etária específica. Os exemplos 114 e 115 são
enfáticos ao classificarem que mulheres podem se beneficiar do decote em V e das batas. A
seção aconselha à leitora o que fazer para disfarçar ‘imperfeições’ corporais, mas também
deixa claro que não adianta seguir esses conselhos e escolher o modelo ‘inadequado’ para sua
faixa etária. Assim, a seção Guia de Estilo, através da classificação das leitoras, exerce um
poder prescritivo duplo: determina o que as leitoras devem usar para imitar os traços do corpo
magro hegemônico, e ao mesmo tempo prescreve que faixas etárias podem fazer uso desses
recursos.
Identificação física
Uma das categorias mais representadas no corpus analisado é a de identificação
física. Neste tipo de representação, os atores sociais são descritos através de suas
características físicas que os identificam singularmente em um dado momento do discurso. Os
excertos a seguir ilustram essa forma de representação:
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