51 - Rodriguésia - Jardim Botânico do Rio de Janeiro
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lavrada, trazen<strong>do</strong> na parte superior, um medalhão <strong>de</strong> bronze <strong>do</strong>ura<strong>do</strong> com as armas reais e as efígies<br />
da Rainha D. Maria e <strong>de</strong> D. Pedro II. Na extremida<strong>de</strong> da rua principal <strong>do</strong> jardim foi construí<strong>do</strong> um<br />
outeiro artificial para formar a gruta <strong>do</strong>s jacarés, encima<strong>do</strong> por um coqueiro <strong>de</strong> ferro, com<br />
cerca <strong>de</strong> 4 m <strong>de</strong> altura, pinta<strong>do</strong> <strong>de</strong> ver<strong>de</strong>; para os mais românticos, seriam esses os marcos <strong>do</strong> local<br />
on<strong>de</strong> vivera a enamorada <strong>de</strong> D. Luiz.<br />
Além <strong>de</strong> Mestre Valentim, trabalharam nas obras <strong>de</strong> ornamentação Francisco Car<strong>do</strong>so<br />
Cal<strong>de</strong>ira - o Xavier <strong>do</strong>s Pássaros que fez os trabalhos <strong>de</strong> penas <strong>de</strong> pássaros que ornamentavam o<br />
pavilhão <strong>de</strong> Apoio e Francisco <strong>do</strong>s Santos Xavier - o Xavier dâs Conchas que executou os<br />
trabalhos com escamas <strong>de</strong> peixes e conchas no pavilhão <strong>de</strong> Mercúrio. Os quadros que<br />
ornamentavam as pare<strong>de</strong>s <strong>do</strong>s <strong>do</strong>is pavilhões eram obras <strong>do</strong> pintor colonial brasileiro Leandro<br />
Joaquim e reproduziam cenas das ativida<strong>de</strong>s nos engenhos, plantações e vistas panorâmicas locais.<br />
O Passeio Público foi inaugura<strong>do</strong> em 1783 e se tornou lugar <strong>de</strong> lazer das famílias da época.<br />
Em 1786, foram aí realizadas as festas <strong>de</strong> casamento <strong>do</strong> Príncipe D. João com D. Carlota Joaquina,<br />
celebra<strong>do</strong> em Portugal, quan<strong>do</strong> foi organiza<strong>do</strong> o primeiro préstito carnavalesco que saiu às ruas <strong>do</strong><br />
<strong>Rio</strong> <strong>de</strong> <strong>Janeiro</strong>.<br />
Até o ano <strong>de</strong> 1789, o Passeio Público foi alvo <strong>de</strong> popularida<strong>de</strong> e cuida<strong>do</strong>s. Porém, com a<br />
<strong>de</strong>scoberta da conspiração <strong>de</strong> Tira<strong>de</strong>ntes em Minas Gerais, as autorida<strong>de</strong>s viram-se a par com<br />
preocupações maiores e este local foi relega<strong>do</strong> ao esquecimento até que, em 1806 voltou a ser<br />
lembra<strong>do</strong>; foi então executa<strong>do</strong> o último trabalho público <strong>de</strong> Mestre Valentim, com a construção<br />
das duas pirâmi<strong>de</strong>s <strong>de</strong> granito que se conservam até hoje e on<strong>de</strong> se lê: "Â sauda<strong>de</strong> <strong>do</strong> <strong>Rio</strong>" e "Ao<br />
amor <strong>do</strong> público", retratan<strong>do</strong> bem o espírito romântico característico da época. Ainda nesse ano,<br />
por or<strong>de</strong>m <strong>do</strong> Con<strong>de</strong> <strong>do</strong>s Arcos, último Vice-Rei, o coqueiro <strong>de</strong> ferro, corroí<strong>do</strong> pela ferrugem e<br />
<strong>de</strong>rruba<strong>do</strong> por forte ventania, foi substituí<strong>do</strong> por uma estátua, em mármore, <strong>de</strong> Diana, a primeira<br />
entre muitas estátuas que se foram acumulan<strong>do</strong> no Passeio Público.<br />
Com a chegada da família real ao Brasil, foram retira<strong>do</strong>s os oito lampiões que iluminavam<br />
o terraço e leva<strong>do</strong>s para o largo <strong>do</strong> Paço e Quinta da Boa Vista. Essa entrega <strong>do</strong> terraço à escuridão<br />
parece ter si<strong>do</strong> o marco <strong>do</strong> início da <strong>de</strong>cadência pela qual passaria o Passeio Público até que, pela<br />
falta <strong>de</strong> conservação aliada às fortes ressacas, o paredão <strong>do</strong> terraço foi quase <strong>de</strong>struí<strong>do</strong>. Finalmente,<br />
em 1817 D. João VI or<strong>de</strong>nou sua reconstrução, ten<strong>do</strong> si<strong>do</strong> então alarga<strong>do</strong>, avançan<strong>do</strong> pelo mar; os<br />
pavilhões quadrangulares foram <strong>de</strong>moli<strong>do</strong>s e com eles <strong>de</strong>sapareceram os magníficos trabalhos <strong>de</strong><br />
Xavier <strong>do</strong>s Pássaros, Xavier das Conchas e Leandro Joaquim.<br />
Nesse ano, o Passeio Público foi visita<strong>do</strong> por Martius que cita, em certo trecho <strong>de</strong> sua<br />
"Viagem ao Brasil": "Junto ao mar, encontra-se o Passeio Público, pequeno <strong>Jardim</strong> cerca<strong>do</strong> <strong>de</strong><br />
pedras que o <strong>de</strong>fen<strong>de</strong>m <strong>do</strong> mar. Suas aléias <strong>de</strong> mangueiras, jaqueiras, árvore <strong>de</strong> pão e jambo,<br />
originárias <strong>do</strong> oeste da índia ostentavam esplêndi<strong>do</strong>s corimbos <strong>de</strong> pointiana, sen<strong>do</strong> muito<br />
convidativas quan<strong>do</strong> à tar<strong>de</strong> a brisa marinha suaviza o calor".<br />
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