51 - Rodriguésia - Jardim Botânico do Rio de Janeiro
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A retirada das gra<strong>de</strong>s <strong>de</strong> proteção parece ter si<strong>do</strong> o sinal <strong>de</strong> partida para uma nova fase <strong>de</strong><br />
aban<strong>do</strong>no; aos poucos o Passeio Público foi se enchen<strong>do</strong> <strong>de</strong> <strong>de</strong>socupa<strong>do</strong>s e <strong>de</strong> gatos, que<br />
proliferaram tanto que transformaram esse jardim em verda<strong>de</strong>iro jardim zoológico. Felizmente, na<br />
administração <strong>de</strong> Carlos Lacerda e sob orientação <strong>de</strong> um Diretor <strong>de</strong> Parques esclareci<strong>do</strong>, Dr. Luiz<br />
Emygdio <strong>de</strong> Mello Filho, foi recolocada a gra<strong>de</strong> protetora e o Passeio Público voltou<br />
paulatinamente ao que é hoje, um jardim histórico e agradável.<br />
A OBRA DE GLAZIOU<br />
Em 1860, D. Pedro II confiou ao Tabelião Francisco José Fialho o encargo <strong>de</strong> remo<strong>de</strong>lar o<br />
parque <strong>do</strong> Passeio Público. Fialho contratou em Paris o arquiteto paisagista Augusto Glaziou para<br />
as obras <strong>do</strong> Passeio Público e para compor também os parques da Praça da República e da Quinta<br />
da Boa Vista. Em janeiro <strong>de</strong> 1861 Glaziou assinou o contrato.<br />
Em virtu<strong>de</strong> da lentidão das obras, o Impera<strong>do</strong>r visitou pessoalmente o local, marcan<strong>do</strong> a<br />
sua inauguração para 7 <strong>de</strong> setembro <strong>de</strong> 1862. Não dan<strong>do</strong> tempo <strong>de</strong> fazer os gradis para a Rua <strong>do</strong><br />
Passeio, foram feitos tapumes provisórios <strong>de</strong> ma<strong>de</strong>ira.<br />
Dessa reforma, po<strong>de</strong>mos assinalar os seguintes fatos:<br />
1. Derrubada <strong>do</strong>s muros dianteiros da clausura, que davam para a Rua <strong>do</strong> Passeio, substituí<strong>do</strong>s<br />
por altos gradis <strong>de</strong> ferro fundi<strong>do</strong>, termina<strong>do</strong>s em ponta <strong>de</strong> lança e apoia<strong>do</strong>s sobre<br />
embasamento <strong>de</strong> cantaria lavrada. Como a <strong>de</strong>spesa com os gradis era muito gran<strong>de</strong>, a medida<br />
não foi aplicada aos alinhamentos laterais, fican<strong>do</strong> um contraste <strong>do</strong>s muros laterais<br />
remanescentes com o gradil fronteiriço em que se encaixava o portão nobre.<br />
2. Aproveitou-se a oportunida<strong>de</strong> para alargar a Rua <strong>do</strong> Passeio à custa da área interna <strong>do</strong><br />
parque, ganhan<strong>do</strong> a rua mais <strong>de</strong> 6 m <strong>de</strong> largura.<br />
3. Cortaram árvores junto à Rua <strong>do</strong> Passeio, para o alargamento <strong>de</strong>sta.<br />
4. Fora poupa<strong>do</strong> o renque <strong>de</strong> palmeiras imperiais plantadas no fun<strong>do</strong> <strong>do</strong> parque. (Este renque<br />
foi <strong>de</strong>rruba<strong>do</strong> mais tar<strong>de</strong> pelo prefeito Carlos Sampaio quan<strong>do</strong> então iria construir o Cassino<br />
Beira-Mar).<br />
5. Modificou-se radicalmente o primitivo traça<strong>do</strong> geométrico i<strong>de</strong>aliza<strong>do</strong> por Mestre Valentim.<br />
6. Criaram-se amplos grama<strong>do</strong>s, pequenos cursos d'água, um lago com uma ilhota artificial, e<br />
logo na entrada <strong>do</strong> parque construíram um repuxo com esguicho <strong>de</strong> quase 7 m emergin<strong>do</strong> <strong>de</strong><br />
um rufo <strong>de</strong> flores artificiais.<br />
7. Foram introduzidas três estátuas <strong>de</strong> ferro provenientes <strong>de</strong> Paris, fundidas por Barbezat e um<br />
pontilhão <strong>de</strong> ferro imitan<strong>do</strong> galhos <strong>de</strong> árvore, revesti<strong>do</strong> <strong>de</strong> cimento.<br />
8. Para maior conforto <strong>do</strong> público levantou-se no la<strong>do</strong> esquer<strong>do</strong> <strong>do</strong> parque, amplo pavilhão <strong>de</strong><br />
estrutura metálica, por trás <strong>do</strong> qual funcionou durante longos anos uma espécie <strong>de</strong> buffet e<br />
cozinha on<strong>de</strong> durante os primeiros anos da República funcionava uma espécie <strong>de</strong><br />
café-concerto <strong>de</strong> baixa categoria.<br />
9. Colocaram-se nos lagos algumas aves como cisnes, irerês e marrecos e <strong>do</strong>is peixes-bois para a<br />
curiosida<strong>de</strong> das crianças.<br />
10. O pavilhão <strong>de</strong> Frei Leandro, à esquerda da entrada, foi transforma<strong>do</strong> em.cabinet d'aisance,<br />
ao qual nunca faltavam clientes.<br />
11. Mais para a direita, quase no ângulo da Lapa, surgiu vistoso chalet com escadaria à vista, para<br />
habitação <strong>de</strong> emprega<strong>do</strong>s <strong>do</strong> parque.<br />
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