O CORPO EO CUIDAR NO FEMININO Maria Fernanda - Repositório ...
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Capitulo II<br />
As questões metodológicas desta análise<br />
As Histórias de Vida, há muito praticadas na antropologia, embora nem<br />
sempre em conjunturas fáceis, conheceram uma reentrada triunfal nas ciências<br />
sociais desde finais da década de 70, depois de trinta anos de relativo abandono.<br />
Trata-se de uma reentrada, que decorreu sob a égide da diversidade teórica e<br />
empírica, por serem várias as tradições que a usam para variados objectos de<br />
pesquisa. Sob a égide da transversalidade disciplinar, porque à biografia aderem,<br />
além da sociologia e da antropologia, a psicologia, a história e a demografia<br />
(Conde: 1993).<br />
As histórias de vida surgem numa tentativa de construir uma ciência,<br />
trazendo o "tecido" da vida do sujeito para o campo social, através da escrita,<br />
como testemunho, com intenção de valorizar estas vidas naquilo que têm de<br />
singularidade, de exemplaridade, para lhes dar visibilidade.<br />
Podemos considerar as histórias de vida como uma metodologia de<br />
investigação que se enquadra numa ciência social "humanista", caracterizada por<br />
uma intencionalidade ideográfica, centrada no homem, que faz juz à interioridade e<br />
subjectividade do indivíduo, que tenta interpretar, compreender, descrever e<br />
observar os fenómenos, é imaginativa, indutiva e aplicada (Piummer,i983).<br />
As histórias de vida<br />
"trazem ao cimo os protagonistas da história vivida e assim voltados para a<br />
história do vivido, praticamente todos os autores dos que mais se referem ao<br />
método biográfico, reconhecem na biografia um estatuto particular (...). Na<br />
realidade reflectem, com maior ou menor alcance, sobre todo um paradigma de<br />
conhecimento com implicações várias. Assim, o renascimento do interesse pelo<br />
método biográfico em sociologia, com extensão às outras ciências sociais, parece<br />
corresponder a uma orientação teórica e epistemológica global, que feita embora<br />
por caminhos diversos tende a convergir num mesmo movimento de retomo ao<br />
sujeito da acção social" (Conde, 1993:40).<br />
O método biográfico pretende uma sensibilização para a perspectiva<br />
daqueles que não tiveram voz nas ciências sociais, corresponde à face oculta que<br />
as ciências sociais hegemonicamente esconderam, tornaram invisíveis como que<br />
fazendo explodir dentro das ciências sociais a diversidade.<br />
Nesta perspectiva o que se pretende é chegar à subjectividade (Plummer)<br />
que tem a ver com os sentidos, sentimentos, visões específicas. Este é um<br />
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