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O CORPO EO CUIDAR NO FEMININO Maria Fernanda - Repositório ...

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SARA: ser mulher, ser mãe - uma história vivida num corpo vivido<br />

uma equipa de limpeza no hospital, pelo que as empregadas que estão no serviço não têm que<br />

fazer essa tarefa. Parecendo que não, só isto faz a mudança de muita coisa. Acaba por haver<br />

muito mais colaboração entre as empregadas e a enfermeira, porque as empregadas é que fazem<br />

as camas, já não são as enfermeiras, as empregadas recebem as comidas e fazem outras coisas,<br />

porque não têm que fazer as limpezas. São pequenos pormenores, mas usam uns fatinhos<br />

brancos com umas risquinhas azuis, tem tudo um ar muito mais airoso.<br />

Quando entrei pela primeira vez naquele hospital (C), gostei muito. As pessoas são<br />

simpáticas no atendimento, desde as consultas até ao internamento. E isso não tem nada a ver<br />

com "quem era". Quer dizer, quando estava lá dentro já sabiam quem eu era. Aliás, já estive em<br />

três hospitais, fui sempre apresentada como familiar de um médico. Portanto, se fosse isso que<br />

desse um bom tratamento, teria tido bom tratamento em todo o lado, o que não aconteceu.<br />

Também assisti como é que funcionavam com o resto das pessoas. Era um serviço muito<br />

pequenino, tinha um quarto com duas camas. Aí posso dizer que foi um bocado por ser quem era,<br />

porque esteve lá comigo, ao lado, uma rapariga que também tinha a preparação para o parto, em<br />

que o marido também era funcionário lá do hospital. Mesmo no quarto de seis camas, aquilo é um<br />

hotel comparado com as instalações da instituição B que tendo uma má organização e más<br />

instalações, como é que as coisas podem funcionar bem?<br />

Na instituição B a gente tinha que se deslocar, bem ou mal, para tomar as refeições a<br />

uma mesa, numa das enfermarias, que agora fecharam. Em princípio, as empregadas se a gente<br />

não pudesse, traziam-nos à cama, embora insistissem sempre para que nos levantásse-mos.<br />

Antigamente, na enfermaria, até reuniões de serviço havia ali, na frente dos doentes. As reuniões<br />

de serviço eram onde se comia. Em C não: vinham-nos trazer a comidinha à sala, ao quarto,<br />

vinham-nos perguntar, se queríamos café. Portanto, era um autêntico restaurante. Estive duas<br />

vezes na instituição B, acho que a comida, mesmo em termos de confecção, desta última vez<br />

estava melhor.<br />

Em B não dão banho aos bebés, só quando cai o cordão. As enfermeiras têm que fazer<br />

tudo, uma vez que as empregadas que fazem a limpeza não as ajudam, nem fazem as camas e,<br />

como as enfermeiras não podem fazer tudo, se a gente estiver acamada lavam-nos e fazem-nos a<br />

cama, se estivermos a pé, nós é que fazemos as camas. A gente até já está habituada:<br />

- Posso ir ali buscar os lençóis que estou com a cama toda suada?<br />

Não vão lá mudá-la. Então, se posso mudar, eu mudo. A minha mãe até me esteve a<br />

ajudar a fazer a cama. Em C não: todos os dias a empregada fazia e mudava as camas. Se<br />

precisasse de ajuda, a enfermeira ajudava. Davam banho ao bebé, mesmo que o cordão não<br />

tivesse caído. Limpavam com um pano molhado, não metiam dentro de água, mas vinham todos<br />

os dias fazer isso tudo - tratar da mãe e do bebé. Acho que há muito trabalho de equipa: os<br />

médicos dizem,,as enfermeiras acatam e as coisas funcionam. Na instituição B, o médico diz uma<br />

coisa, a enfermeira diz ou faz o contrário. Por exemplo, uma senhora que tinha tido o bebé<br />

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