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O CORPO EO CUIDAR NO FEMININO Maria Fernanda - Repositório ...

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Capítulo I<br />

O corpo, as experiências da gravidez e o cuidar no feminino - Construção de uma problemática<br />

considerarem-se vítimas e tornarem-se "doentes", nas suas tentativas de atingir<br />

um estado "normal" de gravidez e formarem uma família biológica.<br />

Na investigação que tem efectuado neste domínio, Ann Oakley (1987) refere<br />

que as mulheres grávidas se sentiam como "um sistema de suporte de vida para<br />

um feto" porque, quando uma mulher engravida, todo o interesse médico se volta<br />

para o feto, sendo a própria mãe ignorada (Cit in Webb, 1992).<br />

O que acabamos de expor corresponde a uma das faces de um poliedro<br />

multifacetado que esta temática encerra, problematiza. A maternidade coloca por<br />

vezes dificuldades à mulher, relativamente, à forma como cuidar de si e do seu<br />

filho, e porque não ao homem e à família, problemas esses que se repercutem, a<br />

nível físico, psicológico, laboral, vincados por dinâmicas estereotipadas, por<br />

concepções, por representações e modos de estar na vida e perante a vida, que<br />

têm a ver com a natureza de mulher(s), e homem(s), atravessados por questões<br />

do social, que influenciam de sobremaneira estilos e formas de estar na vida,<br />

inseridos numa sociedade que se rege por normas e leis.<br />

Esta função materna (Leal, 1995), pode ou não acarretar problemas para a<br />

mulher e/ou família, pois pode ser desejada, meramente suportada ou ser<br />

indesejada, levando por vezes à opção pela IVG - interrupção voluntária da<br />

gravidez. Do mesmo modo, o medo do parto e das experiências corporais e<br />

mentais a que a mulher é sujeita nesse período, bem como do significado que ela<br />

lhes atribui pode constituir um dilema, difícil de ultrapassar 28 . De considerar que o<br />

acto de amamentar/não amamentar, muito especialmente na relação que este acto<br />

implica com a beleza e estética dos seios, situação de doença física ou mental da<br />

mãe, dificuldades com o mamilo/seio, dificuldades da própria criança ou até<br />

dificuldades com o desempenho profissional em relação à adequação horário de<br />

trabalho/horário de mamadas 29 pode constituir um problema essencialmente<br />

emocional, afectivo.<br />

A aceitação, pelo homem de um novo papel na família, na medida em que<br />

se assiste a um maior interesse e envolvimento manifestado pelos homens/pais,<br />

28<br />

A mulher encontra na opção do parlo por cesariana muitos dos argumentos justificativos para ultrapassar<br />

os medos, que dè uma forma vivida, imaginada, provocam inquietude.<br />

29 Lei 4/84 de 5 de Abril com as alterações introduzidas pela Lei 17/95 de 9 de Junho -Protecção da<br />

Maternidade e da Paternidade, que no artigo 12 contempla dois períodos de duração máxima de uma hora<br />

cada para amamentar o filho até perfazer um ano.<br />

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