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O CORPO EO CUIDAR NO FEMININO Maria Fernanda - Repositório ...

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Capítulo I<br />

O corpo, as experiências da gravidez e o cuidar no feminino - Construção de uma problemática<br />

em posição de cócoras, com bons resultados, tendo decrescido muito a<br />

necessidade de recurso a forceps ou a cesariana.<br />

Hoje, a fim de promover uma melhoria das condições do nascimento, a<br />

mulher tem ao seu alcance uma série de técnicas e métodos científicos que a<br />

podem ajudar no trabalho de parto, pois já não se justifica que o parto ocorra com<br />

dor. De entre os vários métodos, a Preparação para o Parto pelo Método<br />

Psicoprofilático é cada vez mais uma aposta. É ensinado à grávida os<br />

mecanismos do parto e técnicas de relaxamento procurando libertá-la da angústia<br />

existencial específica desse momento. Sabe-se que o medo, transmitido pela<br />

linguagem de geração em geração, e a expectativa da dor, transforma a sensação<br />

fisiológica e natural da contração uterina, numa sensação mais ou menos<br />

dolorosa, dependendo do limiar de dor de cada mulher.<br />

O ditado ou a sentença representam uma síntese dos textos sagrados, de<br />

certas práticas e superstições em relação à maternidade e à forma como a mulher<br />

vive o seu corpo, que são características, nomeadamente, de muitas aldeias e<br />

lugares do território português, e que, funcionaram como um verdadeiro código, de<br />

que restam vestígios. Assim a concepção, a gravidez, o parto, o pós parto e até o<br />

"período" na vida da mulher, são processos culturais, sujeitos a modas e a<br />

variações de comunidade para comunidade e dentro da própria comunidade, ao<br />

longo dos tempos.<br />

Assim tendo em conta as obras de autoras como: Joaquim (1983, 1994),<br />

Kitzinger (1978), Badinter(s/d) e Ribeiro (1990), que tão bem nos dão conta duma<br />

realidade baseada em representações sociais, experiência e transmissão dos<br />

saberes do senso comum, dos mitos e realidades, ao redor do corpo da mulher, e<br />

da experiência da maternidade que chegam até nós, passamos a evidenciar:<br />

A mudança do estatuto de solteira para casada verifica-se pelas cores do<br />

vestuário - que se tornam mais sóbrias, menos alegres - e pela mudança de<br />

tarefas, ou seja, numa viagem que ela faz no corpo social pelo casamento: " Mãe,<br />

o que é casar?"<br />

"Filha, é fiar, parir e chorar". "Casar é fiar", ou seja, o fiar dos corpos e o<br />

fiar das roupas estão intimamente ligados ao casamento. Contudo durante a<br />

gravidez não deve fiar, para que o cordão umbilical não se enrole ao pescoço da<br />

criança; enquanto uma mulher "fia" o corpo de uma criança, não pode "fiar" as<br />

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