O CORPO EO CUIDAR NO FEMININO Maria Fernanda - Repositório ...
O CORPO EO CUIDAR NO FEMININO Maria Fernanda - Repositório ...
O CORPO EO CUIDAR NO FEMININO Maria Fernanda - Repositório ...
You also want an ePaper? Increase the reach of your titles
YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.
Capítulo II<br />
As questões metodológicas desta análise<br />
subjectiva no quadro de uma comunicação interpessoal complexa e recíproca<br />
entre o narrador e o observador.<br />
Todas as narrações relatam uma praxis humana na medida em que cada<br />
indivíduo se apropria das relações sociais, interiorizando-as e voltando a traduzi-<br />
las em estruturas psicológicas por meio da sua actividade desestruturante -<br />
reestruturante (Ferrarotti,i988).<br />
O indivíduo, pela sua praxis, singulariza nos seus actos a universalidade de<br />
uma estrutura social. Pela sua actividade destotalizadora/retotalizadora<br />
individualiza a generalidade de uma história social colectiva - é este como diz<br />
Ferrarotti o paradoxo epistemológico que nos propõem o método biográfico.<br />
Ferrarotti fala em ruptura quando<br />
"pretende que a investigação constitua um "compromisso crítico" face aos que<br />
têm sido marginalizados na história. "Compromisso que procura balizar por duas<br />
preocupações. Por um lado distanciando-se de uma retórica que, em nome de<br />
"afirmar que com as histórias de vida se trata de dar a palavra aos condenados<br />
da história", se deixa arrastar por "graus de emotividade que ultrapassa o tolerável<br />
(...) sem uma clara distinção entre preferências pessoais e aquisições científicas".<br />
Por outro lado, este compromisso crítico é também balizado por uma recusa de<br />
"violar os espaços secretos daqueles que mais têm sido assediados por<br />
sociólogos, antropólogos, técnicos de estatística, assistentes sociais: os pobres,<br />
os marginais, as "tribos primitivas", os "povos subdesenvolvidos", percepcionados<br />
por aqueles como objectos ideais de pesquisa "por não terem nenhuma<br />
capacidade de exercer represálias"" (in Araújo, 1991:36).<br />
Propõe que se "parta da subjectividade explosiva das histórias de vida a<br />
fim de poderem originar-se novos modelos interpretativos que quebrem o círculo<br />
de teorias confirmadas e confirmação de teorias" (in Araújo, 1991).<br />
Assim sendo, admitimos que as histórias de vida podem constituir-se num<br />
instrumento metodológico fecundo ao revelar as potencialidades do indivíduo,<br />
potencialidades impensadas ou mesmo invisíveis, através da sua biografia, ao<br />
mundo dos valores, da experiência, do vivido.<br />
100