O CORPO EO CUIDAR NO FEMININO Maria Fernanda - Repositório ...
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Capítulo I<br />
O corpo, as experiências da gravidez e o cuidar no feminino - Construção de uma problemática<br />
2.1 - Viver / Experienciar o Corpo: da cultura como "produto" à cultura<br />
como "processo"<br />
Mulheres e homens, manifestam o seu "habitus" diferentemente, o que tem<br />
a ver com a forma de estar. Já nos sensibilizámos e de certa forma nos<br />
habituámos a lidar/encarar tal facto, bem como as percepções/representações que<br />
os mesmos têm do seu corpo - corpo feminino e corpo masculino. Os exageros de<br />
óptica ou de foco permitem o (não) controlo sobre o próprio corpo e, nesse âmbito,<br />
uma forte influência sobre a sexualidade e sua expressão. Talvez resida aqui o<br />
medo masculino em relação à igualdade feminina quando se assume o direito ao<br />
próprio corpo ou se luta pela sua conquista.<br />
Então, poder-se-á fazer uma listagem de "inquietações" ou "pruridos", que<br />
hipoteticamente se poderão fazer sentir, e que têm a ver com pudor/despudor,<br />
tapar/descobrir o corpo, enfim têm a ver com a forma como a mulher e o homem<br />
assumem o próprio corpo através de práticas ligadas quer ao corpo e à educação<br />
física, ao corpo e à alimentação, ao corpo e à estética, ao corpo e à moda 16 , ao<br />
corpo e ao planeamento familiar e liberdade sexual, ao corpo e mitos, ao corpo e à<br />
cultura, ao corpo e à exploração do mesmo - num quadro não só dos média<br />
relativamente ao marketing 17 que evidencia a beleza, a futilidade... como da<br />
prostituição feminina, masculina...<br />
Expressivo do que afirmamos são um sem número de atitudes ou<br />
comportamentos que ambos apresentam - homens e mulheres - tradutoras de<br />
"reacções" e "sentimentos" que podem apresentar códigos de leitura diversos,<br />
conforme o seu enquadramento. Podem ser aceites ou contestados se se<br />
entendem "naturais", ou "normais" e se pautam ou não, pelos valores existentes<br />
na sociedade numa dada conjuntura.<br />
"O embelezamento físico e a moda tanto visavam o homem como a mulher, verificando-se o aparecimento<br />
de um elemento andrógeno, mesmo a nível de modas, parecendo acentuar um esbatimento de fronteiras<br />
entre os conceitos limite de masculinidade e feminilidade" Rodrigues e Oliveira (1993:436).<br />
17<br />
Talvez tenha sido nesta área, na perspectiva de Rodrigues e Oliveira (1993:435) onde se faz sentir uma<br />
mutação nos valores e papéis sexuais tradicionais: "Se até determinado momento só o corpo feminino fora<br />
usado para veicular padrões e modelos de consumo (nomeadamente de beleza, higiene, vestuário, bebidas,<br />
símbolos de status social), a partir dos fins da década de 70 tinha-se assistido, progressivamente, a uma<br />
apropriação do corpo masculino para fazer passar essas mesmas mensagens. Os corpos teriam vindo a<br />
desnudar-se, esbatendo-se a carga erótica a eles ligada, para se transferir para outros objectos".<br />
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