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O CORPO EO CUIDAR NO FEMININO Maria Fernanda - Repositório ...

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Capítulo II<br />

As questões metodológicas desta análise<br />

chama de "empurrão": estimular a memória, fornecer pistas, evitar pausas<br />

prolongadas... nomeadamente:<br />

"Por aquilo que a Sara me disse, na última vez..."<br />

"E fazer bolos"<br />

"Não conseguia controlar?"<br />

"Faria depois?"<br />

"Não sei se quer falar do que a levou a fazer..."<br />

"Retomando o problema da educação religiosa a Sara disse-me que..."<br />

"Já temos conversado bastante, mas hoje gostava que me fornecesse elementos..."<br />

Também reparámos que expressões como "sim, sim", "não, não",<br />

"pronto/s", "ai", muitas vezes desempenhavam uma função fáctica, emotiva ou<br />

expressiva na comunicação oral. Veja-se por exemplo:<br />

"Ai, não, uh... nem por isso, a pessoa tem um bocado..."<br />

"Não era estranha, não é?"<br />

"Começa já por aí, não é?"<br />

"Ah, sim, sim, mas a isso ainda acho o menos..."<br />

"Sim, ali não, não têm cuidado nenhum..."<br />

"Aquilo que me caiu assim um bocaaado..."<br />

"Sim, não, acho, acho..."<br />

"Não, sim, sim eu sei. Acho que não muito, eu não tive assim, não me lembro de ter tido<br />

assim grandes, pronto, assim muitas paixões, talvez não sei, depois disso..."<br />

"Sim, sim, ai os meus poemas não são..."<br />

(pausa) "Sei lá, nunca pensei nisso, nas outras mulheres que eu vejo não sei, ah! (pausa)<br />

acho que o que eu gosto, pronto, assim..."<br />

Daí que na análise qualitativa que fizemos, tivemos em conta os segmentos<br />

de discurso semanticamente significativos, não atribuindo a estas expressões real<br />

significado, uma vez que serviram à entrevistada de "muleta" na organização do<br />

seu pensamento ou permitiram voltar ao discurso que efectivamente lhe<br />

interessava manter.<br />

Após o contacto ocasional, havido com a Sara, num serviço de obstetrícia<br />

desta cidade, combinámos que a primeira entrevista seria em sua casa.<br />

Nesta primeira entrevista, embora com cariz informal, pretendeu-se e<br />

seguindo a perspectiva de Plummer, acentuar a necessidade de dar formalidade a<br />

este encontro, pois permite que haja um entendimento mútuo e uma noção de<br />

implicação de ambas as pessoas: entrevistado, entrevistador. Assim, e após a<br />

apresentação, procedeu-se à informação/exclarecimento acerca do trabalho em<br />

curso e o que se esperava em termos de contributo, relativamente à "personagem<br />

central" que a Sara passaria a constituir, e à "celebração de contracto" que tinha<br />

em conta os seguintes aspectos:<br />

- Disponibilidade para colaborar com o investigador<br />

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