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O CORPO EO CUIDAR NO FEMININO Maria Fernanda - Repositório ...

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Capitulo I<br />

O corpo, as experiências da gravidez e o cuidar no feminino - Construção de uma problemática<br />

afirmação da enfermagem, como carreira profissional. A perspectiva do "Cuidar"<br />

foi evoluindo. Hoje, diz respeito não só ao corpo, ao espírito, mas a todas as<br />

vertentes porque o ser humano é entendido. Atende-se o indivíduo, são ou<br />

doente, sendo a formação dos enfermeiros apoiada num "corpus de<br />

conhecimentos" das ciências bio-médicas, sociais, humanas e da investigação.<br />

Isto é, um novo paradigma emerge em oposição a um paradigma dominante.<br />

No entanto, nesta relação de saberes e poderes esteve, estará porventura<br />

imanente, como podemos constatar, pela investigação de Carapinheira (1993), que<br />

"nas ideologias hospitalares, os médicos incarnam a ideologia da ciência<br />

(...) a ideologia da humanização resta para os profissionais, ligados aos cuidados<br />

subsidiários dos cuidados médicos e em ruptura com a ideologia da competência<br />

que assenta, sobre o poder e o prestígio, associados à formação universitária"<br />

(ibidem:252)<br />

Nesta perspectiva as enfermeiras, ligadas aos cuidados subsidiários dos<br />

cuidados médicos, continuam a viver uma experiência social passada sob o signo<br />

da discriminação. Assim, a afectividade e solidariedade das mulheres (ideologia da<br />

humanização) contrasta com a racionalidade e competitividade dos homens<br />

(ideologia da ciência). Parece tratar-se, e comungando da opinião discursiva de<br />

Ferreira (1987), de "uma mensagem centrada em torno do eixo do poder (em<br />

sentido foucaultiano, do poder microfísico, que não tem um centro mas que está<br />

omnipresente em todas as relações sociais). De um lado os sem-poder (as<br />

mulheres) e do outro os todo-poderoso (os homens). As qualidades femininas tal<br />

como se exprimem em actividades de apoio e suporte afectivo e espiritual ligadas<br />

à maternidade, à educação, são contrastadas com as masculinas, que se<br />

expressam em actividades de conquista e domínio ligadas à guerra, à exploração<br />

económica e à subordinação dos outros (sobretudo as mulheres)" (ibidem: 183).<br />

Um aspecto que interessa referir é que, durante séculos, a enfermagem<br />

relativamente ao género, manteve-se feminina. Só a partir de meados deste<br />

século, em Portugal, se começa a admitir homens no curso de enfermagem e em<br />

relação à especialização obstétrica, a partir de 1976.<br />

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