As Maluquices do Imperador _NOVA_ - Unama
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www.nead.unama.br<br />
extinguirão em meu dilacera<strong>do</strong> coração. Deixar filho, pátria e amigos, não pode<br />
haver maior sacrifício; mas levar a honra ilibada, não pode haver maior glória!<br />
Lembre-se sempre de seu pai. Ame a sua e minha pátria. Siga os conselhos que lhe<br />
derem aqueles que cuidarem da sua educação e conte que o mun<strong>do</strong> o há de<br />
admirar, e que eu me hei de encher de ufania por ter um filho digno da pátria. Eu me<br />
retiro para a Europa; assim é necessário para que o Brasil sossegue, e para que,<br />
permitin<strong>do</strong> Deus, possa para o futuro chegar àquele grau de prosperidade de que é<br />
capaz. Adeus meu ama<strong>do</strong> filho! Receba a bênção de seu pai, que se retira sau<strong>do</strong>so<br />
e sem mais esperança de o ver. — D. Pedro de Alcântara, Bor<strong>do</strong> da Nau Warspite,<br />
12 de abril de 1831".<br />
Vários dias ainda demoraram-se os ex-Impera<strong>do</strong>res a bor<strong>do</strong> da Warspite. Dai,<br />
por conveniência da viagem, transferiram-se para a corveta Volage. A Senhora Dona<br />
Maria da Glória acompanhou o pai. A rainhazinha de Portugal, embarcou na nau<br />
francesa La Seine... Levava consigo os Marqueses de Loulé e o Conde de Sabugal.<br />
O embarque <strong>do</strong>s impera<strong>do</strong>res, assim como a transladação da Warspite para a<br />
Volage, assim como a estadia no porto, foram sempre rigorosamente garantidas pelo<br />
governo da regência. Não houve um só desacato. Não houve embaraço algum às<br />
pessoas imperiais. O governo agiu com a maior dignidade. Tanto e de tal forma, que<br />
os comandantes das forças navais da França e da Inglaterra dirigiam conjuntamente<br />
ao Ministro <strong>do</strong>s Estrangeiros, uma carta que honra. Ei-la:<br />
"Monsieur. Les oommandants des forces navales, soussignés, aprés avoir<br />
acoompli le grand acte d'hospitalité, anquel les circonstances les appelaient, croient<br />
de leur devoir de vous exprimer leur reconnaissance pour les facilités qu'ils trouvés<br />
prés ont du nouveau gouvernement brésilien, et pour la modéraiton pleine de<br />
noblesse, que ce gouvernamente n'a cessé de montrer, durant l'operation et<br />
l'embarquement de Leurs Magestés. Ils vous prient en outre, Monsieur, de vou loir<br />
bien agréer l'assurance de leur baute considération. — J. Grivel, W. Baker, Rade de<br />
Rio de Janeiro, le 14 avril 1831<br />
A catorze de abril, enfim, as naus levantaram ferro. À frente, singrava a<br />
Volage. Seguia-a a La Seine.<br />
Atrás, por uma galantaria <strong>do</strong> governo, uma nau brasileira. Era a Amélia. Ia<br />
comboian<strong>do</strong> os Impera<strong>do</strong>res até saírem a barra.<br />
D. Pedro encosta-se à amurada da corveta. E contemplava, com olhos<br />
enevoa<strong>do</strong>s, a terra que se ia perden<strong>do</strong> na distância. Lá estava, lá ao longe,<br />
apagan<strong>do</strong>-se, o Império que ele criara na América... Foi então que duas lágrimas,<br />
bem grossas e bem sentidas, despencaram <strong>do</strong>lorosamente <strong>do</strong>s olhos <strong>do</strong> soberano.<br />
Tinha razão o moço destrona<strong>do</strong>. Nada mais justo <strong>do</strong> que esse senti<strong>do</strong> despencar de<br />
lágrimas: aquele olhar, turvo de pranto, era o último olhar que Sua Majestade<br />
lançava ao Brasil<br />
O FIM<br />
24 de setembro de 1834. Palácio de Queluz. Sala "D. Quixote".<br />
Num largo leito de carvalho, sob o <strong>do</strong>ssel de damasco franja<strong>do</strong>, agoniza um<br />
homem escaveira<strong>do</strong>, a barba crescida... É D. Pedro I.<br />
Junto dele, sufocan<strong>do</strong> os soluços, uma elegantíssima mulher tem os olhos<br />
vermelhos de chorar. É D. Amélia. Num canto, o rosto finca<strong>do</strong> na mão, o lenço nos<br />
olhos, uma rapariga loira, muito leve, muito fina, chora convulsamente. É D. Maria II,<br />
Rainha de Portugal.<br />
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