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As Maluquices do Imperador _NOVA_ - Unama

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www.nead.unama.br<br />

Barbacena intrigou-se. E com o seu velho faro político, conhece<strong>do</strong>r <strong>do</strong> Amo<br />

como ninguém, Caldeira Brant suspeitou logo que ali andava dente de coelho. Mas,<br />

não se perturbou. À tarde, entran<strong>do</strong> para a sege, ordenou secamente ao trintanário:<br />

— São Cristóvão!<br />

No Paço, porém, antes de falar ao Impera<strong>do</strong>r, envere<strong>do</strong>u o Primeiro Ministro<br />

pelos aposentos da Imperatriz. Ai conferenciou em sigilo, longamente, com Sua<br />

Majestade. Depois, sereno, com a sua bela estampa decorativa, Barbacena<br />

penetrou no Salão <strong>do</strong>s Despachos. D. Pedro recebeu-o de braços abertos,<br />

jovialíssimo. E logo, sem preâmbulos, foi entran<strong>do</strong> em matéria:<br />

— Meu Barbacena! O Chalaça, como Vossa Excelência sabe, tem trabalha<strong>do</strong><br />

com afinco nos meus negócios particulares. É de uma dedicação rara. Eu preciso,<br />

portanto, dar uma prova de amizade ao Chalaça. Preciso, galar<strong>do</strong>ar os seus<br />

serviços. Vossa Excelência conhece a paixão que ele tem por dignidades. Vamos,<br />

por conseguinte, satisfazer-lhe a vaidade. Vossa Excelência mande lavrar um<br />

decreto conceden<strong>do</strong> ao Chalaça o título de Marquês...<br />

Barbacena ergueu-se, chocadíssimo:<br />

— Marquês? O Chalaça?<br />

— Sim, meu Barbacena. E por que não? O Chalaça é o mais devota<strong>do</strong> de<br />

to<strong>do</strong>s os meus cria<strong>do</strong>s. E eu quero recompensá-lo. Não discutamos, pois: mande<br />

lavrar o decreto!<br />

Caldeira Brant ouviu, estupefato. E ali diante <strong>do</strong> soberano, enfunou-se o<br />

ministro duma audácia louca:<br />

— Perdão, Majestade! Mas é necessário ponderar um pouco. Esse decreto é<br />

uma temeridade. É um ato compromete<strong>do</strong>r...<br />

— Compromete<strong>do</strong>r?<br />

— Sim, Majestade. Elevar o Chico Gomes a dignidade tão alta, fazer <strong>do</strong><br />

nosso vulgaríssimo Chalaça um marquês, é graça verdadeiramente escandalosa.<br />

Vossa Majestade vai irritar o país com tão acintosa mercê...<br />

— Deixe-se de baboseiras, Marquês! — Ninguém neste país tem opinião.<br />

Opinião, aqui, é a opinião <strong>do</strong> Impera<strong>do</strong>r. Não há outra. Toda gente engole o que eu<br />

quiser: Deixe-se de baboseiras! Vamos lá: mande lavrar o decreto.<br />

Barbacena sorriu. E sem azedume, mas reto e digno:<br />

— Vossa Majestade há de me escusar. Mas eu, como Primeiro Ministro, não<br />

referen<strong>do</strong> esse decreto.<br />

D. Pedro fuzilou:<br />

— Não referenda?<br />

— Não!<br />

E impávi<strong>do</strong>, com dignidade, Barbacena lançou ao Monarca esta coisa enorme:<br />

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